Assassinato de grávida em Canelinha foi planejado por dois meses; saiba detalhes do caso

Publicado em 29/08/2020, às 17h31
Foto: Reprodução / Rede Social -

O Município Blumenau

O delegado da Polícia Civil, Paulo Alexandre Freyesleben e Silva, informou que o assassinato de Flávia Godinho Mafra, foi planejado com pelo menos dois meses de antecedência. Ele revelou detalhes sobre o crime, que ocorreu em Canelinha, em coletiva nesta sexta-feira, 28.

LEIA TAMBÉM

No relato, a acusada de 26 anos informou que teria engravidado em outubro, mas perdeu o bebê em janeiro deste ano. Porém, ela não informou aos familiares, inclusive o marido, de 44 anos. Em meados de junho, identificou a amiga grávida e desde então premeditou o crime.

Ela relatou que os familiares não tinham conhecimento do crime, e fingiu que estava grávida durante os últimos meses. O delegado ressalta que serão realizadas diligências para confirmar o possível envolvimento da família no caso.

“O marido está muito nervoso, chora bastante. Porém, nós temos que buscar elementos concretos que o tirem ou coloquem no local do crime”, ressalta.

Ele destaca ainda que a Polícia recebeu a informação de que, apesar do marido negar saber da gravidez falsa, há o depoimento de diversas pessoas que sabiam que a mulher teria sofrido o aborto. Porém, não considera plausível o marido não ter noção desta situação.

“Nós vamos trabalhar na hipótese de que ela possa ter tido auxílio, inclusive o marido será autuado em flagrante, pois a suposta gravidez foi em outubro do ano passado e a história dele levanta dúvidas em relação a participação no crime”, informa Silva.

A acusada alegou ter realizado o homicídio devido à proximidade da gravidez dela e da vítima, e por ser amiga de Flávia. O único objetivo do crime seria ficar com o bebê da vítima. Durante o depoimento, o delegado disse que ela se mostrou extremamente fria, em momento algum demonstrou arrependimento ou culpa em relação ao caso.

Crime premeditado

A acusada informou aos policiais que armou o chá de bebê, dando carona para a vítima até o suposto local do evento. Apesar disso, parou em uma cerâmica abandonada no bairro Galera, dizendo para a vítima que as pessoas estavam chegando no local.

A vítima teria dado as costas para a mulher, que desferiu uma tijolada na cabeça dela. Em seguida, outros golpes, que deixaram a vítima inconsciente. Neste momento, ela pegou o estilete e fez um corte na barriga da vítima, retirando a criança do ventre da mãe. Ela alega que estava sozinha no momento do crime.

Questionado se houve luta corporal, o delegado informou que o resultado do laudo pericial irá explicar se foi o caso. Na cerâmica, o corpo e a arma branca utilizada no crime se encontravam próximo a uma fornalha.

O corpo da Flávia foi encontrado pela mãe. A PM vinha desde ontem colhendo informações e através da comunidade conseguiu localizar o corpo.

Gestante falsa no hospital

Por volta das 21h da quinta-feira, 27, a Polícia Militar foi acionada por suspeita de lesão corporal a uma criança recém nascida no hospital de Canelinha. No local, foi constatado que havia um bebê com cortes profundos nas costas e lesão em um dos braços. A PM lavrou boletim de ocorrência e seguiu com as atividades normais.

Ela disse para os profissionais de saúde que teria tido o parto na rua. Ainda, que foi auxiliada por moradores, que a levaram até a entrada do condomínio em que reside. A partir daí, foi levada ao hospital de Canelinha.

A criança recebeu atendimento pelos médicos do hospital. A suposta mãe foi atendida por um médico especialista. Ele percebeu de pronto que ela não apresentava indícios de parto recente, o que causou desconfiança da equipe médica.

Nesta sexta-feira, 28, os policiais receberam a informação de que havia uma grávida desaparecida, e o último contato dela teria sido com a suposta gestante que foi ao hospital.

As guarnições fizeram contato com a então suspeita, e diante de uma série de informações foi possível encontrar o corpo na cerâmica abandonada. De volta ao hospital, a Polícia voltou a falar com a suspeita, que confessou o crime.

Prisão e investigação

A autora e o marido seguem presos. Segundo o delegado, eles serão autuados em flagrante por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e lesão corporal gravíssima em criança. Eles vão ficar à disposição da Justiça.

Questionado se o casal teria passagens pela Polícia, Silva informou que somente por crimes de ameaça. Estes, são considerados de menor potencial ofensivo.

A Polícia Civil deve continuar as diligências para se certificar de que não houve a participação de mais pessoas no crime. “O celular dela está conosco, vamos pedir a autorização de acesso e confirmar se ela realmente tinha outras pessoas em mente para cometer esse crime.”, destaca Silva.

Além disso, a Polícia aguarda os resultados dos laudos periciais, que serão decisivos para comprovar o relato da acusada. O primeiro laudo será o cadavérico, que irá demonstrar a causa da morte.

Posteriormente, o laudo do local do crime queira demonstrar a dinâmica do que aconteceu, “para confirmar se houve ou não luta entre as duas”, comenta o delegado.

O vestido que a mulher usou no crime, nesta quinta-feira, 27, está sendo procurado pelos policiais, pois havia muito sangue, que será comparado que o sangue da vítima. Também será realizado exame de DNA para comprovar que a bebê é filha de Flávia.

No momento, a bebê recém-nascida não corre risco de vida, e encontra-se no hospital infantil aos cuidados do Conselho Tutelar.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Empresário assassinado tinha acabado de descobrir que seria pai Laudo da PF confirma que Bolsonaro usou solda para romper tornozeleira Novas regras para horários de entrada e saída de hotéis já estão valendo; veja o que mudou CCJ do Senado aprova PL da Dosimetria e texto vai ao plenário