Assédio sexual no trabalho: vítima relata crime em empresa de Maceió; assista

Publicado em 28/08/2018, às 09h37
Vítima chegou a denunciar o caso à direção da empresa que a ameaçou de demissão | Reprodução TV Pajuçara -

TNH1 com TV Pajuçara

Quatro meses de assédio sexual no ambiente de trabalho. E quatro meses de constrangimento e passividade da empresa. É dessa forma que a ex-funcionária de um supermercado de Maceió relata o crime sofrido em 2017, e que até agora não teve desfecho.

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A TV Pajuçara conversou com a mulher, que teve a identidade preservada. No seu relato, ela lembra o quanto foi constrangida e desrespeitada. “Ele me disse que comentaram que eu era gostosa. Me perguntou se eu era casada, ao que respondi que era, e muito bem casada. Aí ele perguntou se meu esposo me comia direitinho”, descreveu.

O constrangimento chegou ao ponto do colega dela convidá-la para “tirar a virgindade do amigo dele”. “Me chamou pra ir com ele e um amigo para tirar a virgindade desse amigo dele. Aí eu disse que meu esposo era policial, e ele disse que esposa de policial era tudo puta, e me disse que queria ter relação com a sobrinha dele, que tem apenas 15 anos”, lembra a mulher, que ameaçou denunciar o homem.

Funcionárias da empresa foram orientadas a 'se policiar' e acabaram responsabilizadas pelos casos de assédio. Fonte: TV Pajuçara / Reprodução

De acordo com a mulher, a empresa era conivente com o comportamento do funcionário. Ela descreveu uma vez em que observou que um dos colegas estava com o fardamento sujo de batom.

“Ele respondeu que isso era porque todas as mulheres de lá gostavam de fazer sexo oral, aí perguntou se eu gostava; e tinha outro funcionário presente”, relatou.

Quando o caso foi levado para os superiores, ela foi orientada a não denunciar sob a ameaça de perder o emprego. “Quando eu insisti dizendo que isso era inadmissível, ele me respondeu: 'se você não abafar o caso, você vai ser demitida'”, revelou.

Abalada, a vítima solicitou o número da psicóloga da empresa, mas o gerente negou. O caso motivou até uma reunião geral com os funcionários, onde o gerente geral teria dito que os casos de assédio na empresa eram responsabilidade das mulheres.

“Numa reunião ele [o diretor geral] falou que a gente policiasse nosso comportamento e que homem nenhum faria o que fizeram comigo se eu não desse liberdade”, desabafou.

O caso foi levado para a Delegacia da Mulher. Os denunciados foram ouvidos e indiciados, e a vítima foi demitida. Hoje, mais de um ano após a denúncia e indiciamento dos envolvidos, o caso foi levado para a Justiça, mas até agora nenhuma audiência foi realizada.

Número de denúnciaas é pequeno

De acordo com dados do Ministério Público do Trabalho (MPT), em 2018 apenas seis casos de assédio foram denunciados no órgão fiscalizador. Para o procurador geral do Trabalho, Rafael Gazzaneo, o caso precisa ser investigado pela empresa, que pode até ser responsabilizada por omissão.

“Esse caso é paradigmático, absurdo sob todos os aspectos. O que a empresa deveria ter feito era aberto um procedimento administrativo para apurar até onde o que a funcionária mulher relatou foi verdade. Tomar providência de eliminar aquele assédio horizontal, mas nada disso foi feito. É lamentável, precisa ser repudiado. Empresas podem ser responsabilizadas por omissão”, concluiu.

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