Assista: após gravação de Temer, deputados pedem "Diretas Já"

Publicado em 17/05/2017, às 22h11

Redação

Após vir à tona a informação de que o presidente Michel Temer teria sido gravado por Joesley Batista, um dos donos da JBS, dando aval a propina para manter o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) calado, deputados da oposição gritaram, no plenário da Câmara, "Diretas Já". No Facebook, há também eventos convocando protesto na avenida Paulista, onde já há uma aglomeração de manifestantes, e em outras regiões do País nesta sexta-feira (19) pedindo eleições diretas.

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Há também manifestações na porta do Palácio do Planalto, buzinaço em Brasília e registro de panelaço em diversas regiões do País. 


Mesmo após o encerramento da sessão de votação da Câmara, deputados de oposição continuam no plenário gravando vídeos e repercutindo a informação.

"Se confirmada a veracidade dos áudios, acabou o governo Temer. Isso incinera o governo Temer, a reforma da Previdência", disse Afonso Florence (PT-BA). Alguns parlamentares lembraram que já existe um pedido de impeachment de Temer engavetado na Casa, faltando apenas a indicação dos membros para compor a comissão especial.

"A situação é muito grave. Ou se faz o impeachment ou não se faz mais nada neste País", declarou o líder da minoria, José Guimarães (PT-CE).

Os governistas deixaram o plenário atônitos, sem entender o que estava acontecendo. O líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e o líder do governo no Congresso, André Moura (PSC-SE), se recusaram a comentar. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deixou o plenário às pressas. "Não tem mais clima para trabalhar, só isso", afirmou.

A denúncia

De acordo com o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, os donos da empresa JBS, Joesley Batista e o seu irmão Wesley Batista, gravaram uma conversa na qual o presidente Michel Temer teria dado aval a propina para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A gravação, feita por Joesley em março com um gravador guardado no bolso do paletó, foi citada na declaração que os controladores da JBS deram à Procuradoria-Geral da República em abril durante o processo para firmar acordo de delação premiada. A gravação teria sido acompanhada pela Polícia Federal.

Segundo o jornal, na gravação Temer indica a Joesley o deputado Rocha Loures (PMDB-PR) como o interlocutor para resolver um assunto da J&F, controladora da JBS. No diálogo, o presidente recebe do empresário a informação de que ele estava pagando uma mesada Cunha e ao operador Lúcio Funaro, ambos presos,para ficarem calados. Temer então teria dito:

— Tem que manter isso, viu?

O dinheiro de Cunha seria entregue por meio de Altair Alves Pinto. Desde que está preso, o parlamentar teria recebido R$ 5 milhões, segundo Joesley. Uma gravação feita posteriormente teria flagrado Rocha Loures recebendo uma mala com R$ 500 mil de Joesley.

Ainda de acordo com o jornal, na última quarta-feira (10), os irmãos foram ao gabinete do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), e confirmaram as declarações à PGR. Cabe a Fachin homologar a delação de Joesley Batista e o seu irmão Wesley Batista.

No depoimento para tentar fechar a delação, Joesley teria afirmado também que, com o PT, o contato para a propira seria o ex-ministro Guido Mantega.

Os depoimentos dos donos da JBS foram tratados de todo o cuidado pela PGR. Durante todo o processo, os irmãos chegaram por uma entrada secundária em carros particulares.

Em nota, o presidente Michel Temer confirmou ter-se com Joesley Batista, mas negou ter dado aval à propina. A assessoria da JBS informou que a empresa não vai se pronunciar. A defesa do deputado Eduardo Cunha também disse que não vai se manifestar no momento. A reportagem não conseguiu contato com o deputado Rocha Loures.

Aécio Neves

Também segundo O Globo, o senador Aécio Neves aparece envolvido em corrupção ligada à JBS. Ele teria sido filmado pela PF (Polícia Federal) pedindo R$ 2 milhões para o dono a Joesley. O dinheiro teria sido entregue para primo de senador.

A PF rastreou o dinheiro e afirma que foi depositado em empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG). Na gravação, Aécio pedia por dinheiro para pagar as despesas da Lava Jato. Há gravações do senador pedindo dinheiro para Joesley e da entrega do dinheiro para o primo do senador.

Aécio estava no plenário do Senado quando a informação veio à tona. O parlamentar deixou o local logo após olhar o celular.

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