Ativista morto nos EUA: Charlie Kirk pediu a Trump punição ao Brasil

Publicado em 11/09/2025, às 11h15
Charlie Kirk - Reprodução/Redes Sociais

UOL

Menos de seis meses antes de ser baleado e morto em uma palestra universitária nos Estados Unidos, o influenciador trumpista Charlie Kirk pediu ao presidente Donald Trump, que impusesse "tarifas e, se necessário, sanções ao Brasil" em resposta ao "comportamento imprudente e imoral" do STF (Supremo Tribunal Federal).

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A manifestação aconteceu em 27 de março, no programa "The Charlie Kirk Show", pouco depois de o tribunal aceitar denúncia contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

Enquanto Bolsonaro era julgado no STF em Brasília, na tarde de ontem, Kirk foi atacado por um atirador com um fuzil enquanto falava a estudantes na Utah Valley University, no estado de Utah. Aos 31 anos, ele liderava o movimento MAGA ("Make America Great Again") entre jovens e era presença constante em universidades. A bala atravessou o pescoço do carismático influenciador provocando sangramento imediato e intenso. Embora tenha sido socorrido, em poucos minutos, Kirk foi declarado morto.

Altamente influente na Casa Branca, que decretou luto oficial no país até dia 14, Kirk delineava ainda em março os argumentos que reapareceriam na carta de Trump ao Brasil em 9 de julho, quando o republicano anunciou o tarifaço de 50% sobre o Brasil.

"Juízes e procuradores-gerais impuseram controles abrangentes de liberdade de expressão no X (ex-Twitter) e em outras plataformas de liberdade de expressão. Agora, Bolsonaro será julgado por supostamente planejar um golpe. O presidente Lula disse ontem que é dever de Bolsonaro, abre aspas, provar sua inocência. Não é inocente até que se prove o contrário. É culpado até que se prove o contrário", afirmava Kirk, para na sequência concluir:

"Isso acontece em um país, o Brasil, que supostamente chamamos de aliado. Se a Rússia fizesse isso, nós a sancionaríamos. Se o Brasil faz isso, por que estamos tolerando? E a resposta é que não deveríamos. O Departamento de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o presidente Trump deveriam impor tarifas e, se necessário, sanções ao Brasil por esse tipo de comportamento imprudente e imoral".

Na carta, Trump listava como justificativa para as taxas tanto o julgamento de Bolsonaro, a que chamou de "caça às bruxas", quanto as decisões do STF de moderar conteúdos e regular as big techs —em que Trump viu violação à liberdade de expressão de americanos e prejuízo financeiro às gigantes de tecnologia, motores da economia americana. As taxas de 50% sobre produtos importados do Brasil pelo país estão em vigor desde o dia 6 de agosto. Além disso, Trump impôs punições pessoais aos ministros do STF, como restrições de vistos e Lei Global Magnitsky contra Alexandre de Moraes, relator do processo contra Bolsonaro.

No mesmo programa, Kirk argumentou que Bolsonaro tinha vencido as eleições de 2022 no país todo, "exceto nos cantos mais pobres, mais criminosos e mais corruptos do país, o Nordeste, onde o candidato de esquerda Lula da Silva venceu".

Ele comparou o 8 de janeiro de 2023, com o ataque de bolsonaristas à praça dos Três Poderes, com o 6 de janeiro de 2021 e a insurreição de trumpistas no Capitólio. Segundo Kirk, "o despotismo judicial" que ele denunciava no Brasil era de ordem semelhante ao fenômeno que ele combatia nos EUA. Especialmente em seu segundo mandato, Trump elegeu as cortes como seu principal inimigo —e tem encontrado nas decisões judiciais os únicos freios a suas ações recentes, como ao próprio tarifaço.

O interesse de Kirk no Brasil não era pontual. Em março de 2023, quando Bolsonaro passou alguns meses na Flórida depois de deixar o poder, Kirk o entrevistou, no hotel de Trump, em Miami. Ali, Bolsonaro argumentou que jamais teria tentado um golpe de Estado, e que a acusação seria uma orquestração de autoridades do Brasil contra ele. Ouviu de Kirk que as direitas ao redor do mundo deveriam se unir.

Em setembro de 2024, o convidado de Kirk em seu podcast era o comentarista político Paulo Figueiredo, que o ajudava a analisar a disputa do bilionário Elon Musk, dono do X, com o ministro do STF Alexandre de Moraes e o restante da corte. Àquela altura, Figueiredo já defendia publicamente que a atuação do STF era uma violação às liberdades individuais, tese que Kirk abraçou. Meses mais tarde, Figueiredo e o deputado federal Eduardo Bolsonaro impulsionariam uma campanha por punições ao Brasil em prol de uma anistia a Bolsonaro e seus aliados. Em aparente choque, no momento da notícia, Figueiredo repostou imagens gráficas do momento do ataque contra Kirk e comentou "Meu Deus, meu Deus".

Cerca de duas horas depois, fez um longo post de homenagem a Kirk. "Foi ele um dos primeiros que abriu espaço em seu respeitado programa para que eu pudesse denunciar o que estava acontecendo. Foi ele quem deu voz ao Brasil quando quase ninguém se importava. Posso dizer sem medo: sem esse guerreiro, jamais teríamos chegado ao ponto de conquistar sanções contra Alexandre de Moraes e outros ministros do STF. Todos os que amam a liberdade, inclusive no Brasil, devemos muito a ele", escreveu Figueiredo.

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