Áustria pode ser o cenário da cúpula Trump-Putin em julho

Publicado em 25/06/2018, às 13h42

Redação

 Viena poderá receber a reunião de cúpula entre os presidentes Donald Trump (EUA) e Vladimir Putin (Rússia). A diplomacia dos dois antigos adversários da Guerra Fria está trabalhando para costurar uma data já em julho, quando Trump virá à Europa para encontro de chefes de Estado e de governo da Otan (aliança militar ocidental).

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A especulação em torno do local do encontro cresceu ao longo do fim de semana, após o chanceler (chefe de governo) austríaco, Sebastian Kurz, afirmar à rede local de TV OE24 que havia sugerido aos dois líderes sua capital como anfitriã da cúpula e o jornal austríaco Kronen Zeitung informar que os contatos estavam em curso.

Kurz é um dos líderes europeus próximos de Putin, sendo líder de um partido nacionalista. Isso tornaria Viena, apesar da neutralidade, de certa forma um campo putinista de jogo. O Kronen Zeitung chegou a citar um dia para a reunião, 15 de julho.

O problema é que essa é a data da final da Copa do Mundo da Rússia, em Moscou, evento ao qual Putin não pensaria em faltar. O líder está capitalizando a boa imagem de organização do Mundial até aqui, e não faria sentido não estar presente para a festa de despedida.

Como Trump estará nos dias 11 e 12 em Bruxelas, caso não resolva sair antes como fez na recente reunião do G7, talvez o encontro saia nos dias 13 ou 14.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, apenas disse que "vamos informar vocês assim que estivermos prontos" sobre qualquer desenvolvimento do assunto. Em outras palavras, o encontro muito provavelmente irá acontecer.

Um sinal claro disso é a chegada de John Bolton, o poderoso assessor de segurança de Trump, a Moscou nesta quarta-feira (27).
A viagem de Bolton foi confirmada nesta segunda (25) pelo Ministério dos Assuntos Estrangeiros russo. Bolton já foi um duro crítico de Putin, a quem chamou de mentiroso no passado. Ele é considerado o principal responsável pela saída dos EUA do acordo que suspendia o programa nuclear do Irã, iniciativa que foi condenada pelo Kremlin -que é aliado de Teerã.

Sua ida é uma deferência aos russos, embora as sondagens para o encontro venham ocorrendo desde que os dois líderes se falaram ao telefone após a reeleição de Putin, em março, quando Trump o convidou a visitar os EUA. Depois disso, Putin já disse que fala regularmente com o americano.

A lista de assuntos em pauta é enorme. Além do Irã, há questões envolvendo Síria, Ucrânia, Coreia do Norte, preço do petróleo, entre outros.
Se ocorrer, politicamente será uma jogada arriscada para Trump. Depois de deixar a reunião do G7 no Canadá, ele foi encontrar-se com o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, em Singapura. Agora, sairia de uma reunião dos líderes da aliança criada para conter Moscou para reunir-se com o ocupante do Kremlin.

Internamente, Trump não consegue se livrar das suspeitas de conluios com a suposta interferência russa nas eleições de 2016 que o elegeram. Enfrenta um inquérito, e encontrar Putin pode ser uma demonstração de força, mas com risco de virar-se contra o americano.

Para Putin, só há lucro em encontrar Trump. O russo está no ápice de seu poder, tendo sendo reeleito para ficar no poder até 2024 com amplo apoio. Até aqui, a Copa, ainda que tenha sido desprestigiada politicamente numa estreia esvaziada de líderes, tem sido um sucesso de organização -é o que importa, ao fim.

Não que ele não tenha imensos problemas à frente, a começar pela economia ainda rastejante de seu país, mas a alta dos preços do petróleo e sua recente aliança no assunto com a Arábia Saudita lhe dão mais instrumentos para operar.

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