Bacalhau do Zé Baixinho

Publicado em 31/01/2017, às 10h10
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Redação

“Aqui é minha roça, planto e colho”, conta o alagoano de Junqueiro, José Tenório, conhecido como “Zé Baixinho”, mais uma figura ilustre do cenário alagoano de botecos, ou melhor, do misto de boteco e mercadinho. De onde se compra de tudo um pouco, do alho ao extrato de tomate, e ainda tem cerveja gelada e o famoso bacalhau com mais de 46 anos, no bairro do Poço, próximo a celebridades a exemplo do Bar da Gil e do Roberto Ladrão.

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O nome do estabelecimento é Mercado Central e vem da época da estrada de barro, da antiga rodoviária que movimentava a economia do bairro. Muita coisa mudou por lá nos últimos anos, o chão ganhou asfalto, a rua tranquila recebeu carros acelerados, e sem a rodoviária, a economia enfraqueceu. Contudo, a arquitetura e  a alma do Boteco permanecem intactas durante mais de quatro décadas.

Bacalhau do Zé Baixinho, tradição de 46 anos no bairro do Poço

Sempre que eu passava por lá, olhava para as mesas protegidas do sol, cervejas a postos e a conversa rolando solta dos fieis seguidores do Zé Baixinho. E alguns amigos do Poço me perguntavam: “Já provou o bacalhau do Mercado Central?” Agora, respondo que sim e recomendo.

O bacalhau é dessalgado três vezes, desfiado e frito no azeite. Ele vem coberto por cebola roxa, tomate e coentro, tradição bem alagoana dos botecos. Pergunto se não tem azeitonas. Zé Baixinho responde que sim e traz das prateleiras um potinho de azeitonas, claro, um dos itens vendidos no mercadinho. O alagoano é bom de negócio.

Potinho de azeitonas um dos itens vendidos no Mercado Central para agregar mais sabor ao bacalhau ou virar petisco

Gostei do bacalhau, mas não recomendo para quem tem pressão alta, melhor curtir a cervejinha e pedir o charque frito com vinagrete e farofa.  O sal da carne é equilibrado.

Bem sucedido – Com 66 anos, Zé Baixinho começou a labuta cedo. Aos oito anos de idade já lidava com a roça, depois trabalhou em lanchonete e, por último, o emprego de frentista que lhe rendeu uma indenização e lhe permitiu investir no Mercado Central. “Achava bonito ser dono de uma mercearia, um negócio  bem sucedido, na época não tinha supermercado”, lembra o alagoano, que há 46 anos comanda com sucesso o estabelecimento.

Charque do Zé Baixinho o sal é mais equilibrado

Mercado Central é singelo, decorado com sandálias havaianas penduradas no teto e com essencial comida honesta, cerveja gelada e a simpatia do dono. Ele me recebeu muito bem e nem sabia que eu era jornalista e, muito menos, que iria fazer uma reportagem sobre ele e seu bacalhau.

Detalhe: Meu amigo Luiz Fernando (parceiro de algumas reportagens) me disse: “esse bacalhau fica ótimo no pão”. E como as padarias no Poço fecham na hora do almoço e Zé Baixinho não vende pão, ele, gentilmente, nos cedeu um de sua casa. Então se for lá, leve pão francês e molhe um pouco azeite, porque é bom.

Zé Baixinho no seu Mercado Central, no bairro do Poço. 46 anos de sucesso

Rota Mercado Central

Bacalhau com porções de  R$ 15 e R$ 30/ Charque R$ 9 e R$ 14,00/  Aceita-se apenas cartão de débito.

Funciona de domingo a domingo, das  8:30 às 20:30.

No estabelecimento não tem cardápio  e, de segunda a sábado, só tem bacalhau e charque. Aos domingos é dia feijoada e já prometi que vou me organizar para provar o feijão de Zé Baixinho.

O Mercado Central fica numa esquina, entre a Rua Inácio Calmon e a antiga Rua Minas Gerais. Telefone: (82) 99974.9183

Detalhe do teto do Mercado Central

Telefone: 99974.9183.

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