Baianas do carnaval enfrentam maratona para marcar presença na Sapucaí

Publicado em 03/02/2018, às 19h18

Redação

A idade, entre 60 e 80 anos, não é empecilho para um grupo 20 de senhoras que gosta de desfilar em mais de uma escola de samba, no mesmo ano. Mas não basta passar na avenida. Precisa ser em um espaço específico no enredo de cada uma das agremiações: a ala das baianas.

LEIA TAMBÉM

Umas, vestidas com o figurino próprio, já começam a extravasar a alegria em blocos de rua que antecedem o início do carnaval, mas na Marquês de Sapucaí, a partida para a maratona é na sexta-feira (9) no grupo da série A, continua no domingo (10) e na segunda (11) no Grupo Especial, sem esquecer das escolas das séries B, C, D e E, que saem na Estrada Intendente Magalhães, no bairro do Campinho, na zona norte, entre sábado (10) e terça-feira (13). A programação da agenda é minuciosa para não ter problemas com os horários.

Depois de passar em todas as escolas programadas, que este ano são cinco, Tia Verinha, de 66 anos, ainda terá fôlego para o bloco do bairro, mesmo com uma fratura na costela. “Eu caí na rua. Levei um tombo bobo”.

Nos anos 80 Tia Verinha era passista, mas a falta de uma baiana na escola a fez atender ao pedido para compor a ala e nunca mais saiu. “A baiana é a mãe da escola”, disse, vaidosa, destacando que gosta da cerimônia para a entrada das baianas e da velha guarda nos ensaios das escolas de samba."É muito respeito".

Orgulho de ser baiana

Todas as baianas têm a sua escola do coração, mas isso não impede de desfilar em outra agremiação. O que move tanta disposição não é pertencer à ala das baianas de uma escola específica, e sim ser baiana. “Ninguém tem baiana. As baianas são do samba. Elas são livres para desfilar em todas as escolas. Todas as baianas representam uma arte, que é a arte de girar, de passar alegria e entusiasmo na avenida”, diz Tia Sandra, que coordena de um grupo de baianas há muito tempo: foram 30 anos na Porto da Pedra, do município de São Gonçalo, na região metropolitana, e agora tem cinco anos que atua na Paraíso do Tuiuti, de São Cristóvão, bairro da zona norte do Rio.

Para Tia Sandra, saber que cada uma das suas “meninas” tem necessidades diferentes é o que mantém a união de todas. Tem que entender as circunstâncias diversas entre elas, como o tempo para participar dos ensaios, a distância para se deslocar para a quadra da escola, as atividades que desenvolvem para manter o orçamento da família, a falta de segurança na comunidade onde moram.

“É saber administrar tudo isso, os problemas, e conseguir contornar tudo. Passar para a diretoria que mesmo que não tenham vindo um dia, elas sabem o samba e estão ensaiando forte. A gente tem um grupo no Whatsapp e eu passo para elas as orientações da diretoria. A coordenadora Sandra não é nada, se elas não estiverem me apoiando”, afirmou, mostrando como administra o grupo.

A alegria nos olhos delas é visível quando comentam o momento especial do desfile, quando o ritmo do samba enredo facilita o giro da baiana. A coreografia do grupo costuma emocionar o público.

O desafio do figurino

Mas a vida de baiana tem também suas dificuldades. Uma delas é o figurino. “O carnavalesco não pensa que dentro daquela roupa estão senhoras de 60, 70, 80 anos. Ele pensa que todas elas têm no máximo 20 anos para carregar aquela coisa toda, aqueles enfeites”, disse.

Para evitar que o peso da roupa prejudique a evolução da ala e garantir o efeito visual esperado, Tia Sandra adotou a estratégia de se aproximar do carnavalesco. Logo que são apresentadas as fantasias das alas, no início da preparação para o carnaval do ano, Tia Sandra pega o protótipo e faz experiências.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Protótipo de carro voador produzido no Brasil faz primeiro voo Polícia prende segundo homem envolvido no roubo de obras de arte em SP Polícia Federal mira deputados em operação que apura desvio de cotas parlamentares Conteúdo pornográfico é exibido em TV de recepção de hospital