Balaio Cultural: João das Alagoas

Publicado em 14/06/2015, às 10h52

Redação

A marca registrada do João das Alagoas são os bumba-meu-boi com desenhos em relevo dos folguedos e cenas do cotidiano nordestino

João das Alagoas trabalhou em fábrica de doce caseiro, supermercado, barzinho e pintura de parede. Seu ganho mensal era de um salário mínimo. Na década de 80 começou a pintar quadros, porém lhe rendia muito pouco. “Quadro não vende, então, comecei a fazer santinhos de barro e vendia por R$ 2,00 no Mercado do Artesanato”, diz João.

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Mas, como todo menino do interior, a família não tinha condições de comprar brinquedo, por isso começou a extrair da terra as primeiras criações para a sua diversão: bichos, cavalos, bois e onças da cidade. “Não tive nenhum mestre, esculpir barro nasceu comigo”, declara João, ressaltando que, em 1984, começou a fazer santinhos de cerâmica para vender no mercado do Artesanato, em Maceió.

Bumba em meu boi pela ótica de João das Alagoas

Assim como o mestre Vitalino, de Caruaru, João das Alagoas deu início a sua arte ainda menino, porém só despertou o seu talento aos 30 anos e soube compartilhá-lo com os seus discípulos: Sil, Nena, Leonilsson Arcanjo e Cícera.

“Sempre sonhei em ter uma escola de arte para ensinar, até cheguei a dar aula numa escola do município, onde descobri o Leonilsson, que a gente chama de Galeginho. Ele tinha 8 anos e hoje, com 19 anos, está conquistando o seu espaço”, lembra João.

A marca registrada do João das Alagoas são os bumba-meu-boi com desenhos em relevo dos folguedos e cenas do cotidiano nordestino. Este ano, João traz inovações: ao invés de bordar os personagens no próprio boi, ele cria  esculturas, que são adicionadas ao folguedo de Carnaval. Os bonecos e bichos ganharam vida, como a cena do bumba-meu-boi e as crianças em movimento.

Folguedos, detalhes da arte de João das Alagoas

João das Alagoas não tem vaidade, a não ser o inseparável chapéu, e até pouco tempo não tinha conta bancária, mas a sua vida melhorou nos últimos seis anos. Como empreendedor já comprou um terreno e construiu uma casa nova para a família. Atualmente acumula prêmios que lhe garante uma renda extra. O primeiro foi na década de 80, oferecido pela Fundação Pierre Chalita, no valor de R$ 5,00, mais uma cesta básica.

“Na época deu para comprar a feira do mês”, revela. Foi só o começo de muitas outras premiações, que lhe conferem o título de mestre, a última delas no valor de R$ 14 mil. Como um bom artesão, soube compartilhar o seu saber e fazer com a família. Hoje, a esposa Marinez – com traços artísticos mais primitivos – e o filho João Carlos são seus discípulos, esculpindo peças cada um ao seu estilo.

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