Flávio Gomes de Barros
Texto de Ricardo Kertzman:
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Passei anos da minha vida profissional, entre o final dos anos 1990 e meados da década de 2010, em um embate de ordem comercial, emocional, familiar e, por que não?, afetiva, que me trouxe momentos de profunda angústia e até mesmo, às vezes, desespero.
Do lado oponente, um ex-afeto primordial em minha jornada de vida até então, que se tornou um carrasco psíquico e uma ameaça real. Um conhecido em comum, certa vez, me disse: 'Não vá para o embate direto, pois você jamais conseguirá agir como ele.'
Sim, o pano de fundo é a democracia brasileira e os possíveis crimes contra ela.. Mas os protagonistas atuam à parte neste teatro, que agora ganhou contornos adicionais com a fronteira sendo expandida aos EUA, onde, hoje, uma espécie de Nero é o Manda-Chuva local.
A partir do momento em que Eduardo Bolsonaro se mandou para a América, financiado declaradamente pelo papai-réu., para atuar politicamente – ainda que deputado federal licenciado – junto ao governo trumpista, o ordenamento processual tomou novos rumos.
Em postagens sucessivas nas redes sociais e declarações à imprensa, Eduardo Bolsonaro começou a pedir veladamente a prisão de Alexandre de Moraes – 'Se ele continuar livre' – e a chantagear o Judiciário brasileiro. Além, é claro, de ameaçar o próprio país (tarifas).
Por aqui, de forma claramente orquestrada, o pai reinicia o périplo público contra Moraes e o STF, e incorre em uma sucessão de ilegalidades para um réu criminal. Igualmente, como o filho, sabe o que faz. Ambos entendem o que estão fazendo, e o risco que estão correndo.
Dudu é jovem e certamente já garantiu o futuro nos 'States'. Ele não se mandou daqui sem um plano B. Já o 'mito'… Bem, esse está literalmente lascado. Politicamente, já vem sendo, pouco a pouco, abandonado. Em breve, será tratado como substância radioativa.
Tão logo seja preso e sua influência política esvaia-se, será esquecido. Ou alguém se lembra, por exemplo, de Daniel Silveira, Carla Zambelli e Roberto Jefferson, ainda que figurinhas muito menores diante do próprio Jair Bolsonaro?
O ponto é outro. 'Rei morto é rei posto'. Sem poder político, sem atuação nas redes sociais, Eduardo e Jair Bolsonaro serão esquecidos e substituídos por outros. Gente como eles está cheia: Nikolas Ferreira, Cleitinho, Sóstenes… Mas, repito, Dudu está 'encaminhado'.
Bolsonaro, não. Irá amargar anos, preso, na cadeia ou em casa, com a saúde física debilitada pela facada, isolamento político e social, e um padrão emocional característico de um 'psicopata sociopata esquizofrênico tirânico', segundo o Dr. Freud Kertzman. Seu fim de vida não será fácil.
A tornozeleira, ora imposta por Moraes, é o começo. A condenação e a consequente prisão, o epílogo. Que viva ainda muitos anos, mas a morte – que chega a todos, conforme ele mesmo disse durante a pandemia – lhe encontrará, ao final, completamente triste e abandonado."
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