Brasil compra a queda e aporta R$ 37 milhões em fundos cripto após cascata de liquidez

Publicado em 27/10/2025, às 10h30

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Na semana encerrada em 17 de outubro, o investidor brasileiro nadou contra a corrente global e colocou 6,9 milhões de dólares, cerca de R$ 37,3 milhões, em produtos listados de cripto (ETPs e ETFs), enquanto o saldo mundial ficou negativo após o choque de 10 de outubro.

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O dado é da CoinShares, que também registrou volumes semanais de bilhões de dólares, quase o dobro da média do ano. Esse fluxo por país mostra que parte do capital local aproveitou o desconto de preços para “comprar a queda”. 

O que foi a cascata de liquidez de 10/10 e por que derrubou os preços

No dia 10 de outubro, uma grande onda de liquidações forçadas no mercado alavancado (derivativos) acelerou a queda das cotações. A CoinShares descreve o episódio como uma “liquidity cascade” com 513 milhões de dólares de saídas semanais de ETPs e 19 bilhões de dólares em liquidações no agregado do evento.

Com investidores de ETPs relativamente imperturbáveis frente ao pânico on-chain. O gatilho macro veio do anúncio de uma tarifa adicional de 100% dos EUA sobre importações da China a partir de 1º de novembro, divulgado por Donald Trump no Truth Social, ampliando a aversão a risco.

É nesse pano de fundo que o investidor brasileiro se pergunta quais criptomoedas comprar. Depois de um choque assim, os fluxos dão pistas. Apesar da pressão vendedora em Bitcoin, houve entradas em Ethereum, Solana e XRP, sugerindo busca por exposição fora do BTC no curtíssimo prazo. 

Brasil compra a queda enquanto EUA lideram saídas

O relatório da CoinShares segmenta os fluxos e revela um contraste geográfico. Os Estados Unidos puxaram as saídas semanais (≈ US$ 621 milhões), enquanto Alemanha (≈ US$ 59,3 mi), Suíça (≈ US$ 48 mi) e Canadá (≈ US$ 42,3 mi) foram na direção oposta, assim como o Brasil, com US$ 6,9 milhões de entradas.

O salto do volume negociado foi para 51 bilhões de dólares na semana, compatível com realocação rápida de carteiras após um estresse de preço. Mesmo com a recompra, a queda de preços reduziu o AuM (ativos sob gestão) por país. No Brasil, o total recuou para US$ 1,57 bilhão, ainda entre os maiores mercados fora do eixo EUA-Europa.

Os EUA, a Suíça, a Alemanha, o Canadá e a Suécia também preservaram posições relativas no ranking de AuM, segundo a mesma apuração. No recorte por ativo, a semana pós-choque exibiu resgates em Bitcoin (≈ US$ 946 mi), enquanto o Ethereum (≈ US$ 205 mi), a Solana (≈ US$ 156 mi) e o XRP (≈ US$ 73,9 mi) tiveram entradas altas.

Isso além de fluxos positivos, em menor escala, para Sui, Cardano, Chainlink e Litecoin. Os investidores de ETPs compraram o mergulho em altcoins com narrativa de produto listado e ecossistemas em expansão, deixando o BTC como principal fonte de saques na semana.

Para o investidor brasileiro, isso ajuda a explicar por que a recompra local não foi concentrada apenas no Bitcoin. Na prática, a rotação parcial para ETH/SOL/XRP sinaliza uma busca de diversificação tática após o estresse. 

Tarifas e risco de crédito nos EUA: Os outros gatilhos do humor

A aversão a risco não nasceu só da frente comercial. Na semana anterior ao choque, o mercado repercutiu sinais de crédito em bancos regionais dos EUA. A Zions Bancorporation reportou uma perda de 50 milhões de dólares ligada a dois empréstimos na Califórnia, o que desencadeou uma queda acentuada das ações do setor.

Além disso, a Western Alliance informou ter processado um devedor por supostas irregularidades em garantias, buscando recuperar quase 100 milhões de dólares. A Reuters acompanhou os dois casos e relatou a piora pontual do sentimento para bancos regionais, com discussões sobre se os episódios seriam isolados ou prenúncio de um problema mais amplo.

No Brasil, a repercussão veio muito mais como vetor de preço internacional do que como impacto direto. Ainda assim, esses elementos ajudam a entender por que houve saídas fortes nos EUA ao mesmo tempo em que outros países compraram a queda via ETPs. 

Como os ETPs foram usados aqui no Brasil

O padrão observado em outubro mostra que o investidor local tem utilizado ETPs e ETFs para reagir rapidamente a movimentos de preço, sobretudo quando há volumes elevados e spread de narrativas entre Bitcoin e altcoins.

Na semana em questão, o volume global em ETPs reforça a ideia de janela de realocação após a pancada, com o Brasil acompanhando Alemanha, Suíça e Canadá na ação de recompra. Para o mercado doméstico, o dado importante é que, mesmo com o AuM recuando por causa dos preços, o país se mantém entre os principais mercados fora dos EUA.

Após o choque e a ressaca de fim de semana, o Bitcoin subiu, voltando à região de US$ 111 mil (uns R$ 602,6 mil). O avanço funcionou como um respiro técnico antes da agenda de novas divulgações corporativas e macro, reduzindo parte da tensão instalada desde 10 de outubro.

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