Camarão do Bar das Ostras, alagoaníssimo, vamos fazer?

Publicado em 13/04/2014, às 09h25

Redação

Semana santa: Camarão Alagoano Bar das Ostras, com seu molho cor-de-rosa, aveludado e um pouquinho acido, é impagável. Não dispenso mergulhar um pão francês no caldo

A receita do Camarão do Bar das Ostras não é novidade – principalmente depois que a Sococo presenteou os alagoanos com a receita da Comadre Oscarlina, a dama da gastronomia alagoana. Essa senhora e sua família guardaram durante décadas o segredo da iguaria: manteiga do Sertão! E claro, na sua generosa porção de 600 gramas. Nem seu Solon, um dos espíritas mais famosos da época da Comadre, adivinhou.

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Hoje muitos torcem a cara para quantidade da manteiga, mas ao longo de muitos anos aquele era o prato sagrado das famílias alagoanas. E consagrado pelos turistas, que o digam Vera Fischer, Rei Pelé e tantos astros e estrelas em visita por Maceió.

Enfim, vamos à fórmula mágica, mas – antes de decifrarmos a receita – anotem umas dicas:

Qualidade: Camarão Vila Franca da Companhia do Mar

Camarão – Quando as filhas da comadre Oscarlina, a convite da Sococo, ministraram o curso em agosto de 2011, deixaram claro que o camarão tem quer ser o vila franca (branquinho) ou o rosinha. Para comprar o camarão indico a Companhia do Mar, em função da qualidade e quantidade dos estoques. Lá podem ser encontrados esses dois tipos de camarões, e dos bons, bem selecionados. O único trabalho é descongelar. Ainda não testei com o barba roxa, mas já provei e não fica ruim.

Companhia do Mar – Rua Governador Carlos Lacerda, 190, Jatiúca (defronte a casa de festas Pip Pop).  Telefone: 3231-1386. Abre de segunda a sexta, das 8 as 17 horas, e no sábado, das 8 horas até o meio-dia.

Tradição: manteiga do seu Deda, no mercado da Produção. Lugar onde Oscarlina comprava a manteiga

Manteiga – O endereço é o mesmo no qual a Comadre Oscarlina comprava: Barraca Nossa Senhora de Fátima, no mercado da Produção. O proprietário é o mesmo, José Oliveira Filho, o famoso Deda. Neste caso sigo à risca a receita e só uso (e recomendo usar) a  manteiga produzida na cidade de Major Isidoro.

Barraca Nossa Senhora de Fátima – dentro do mercado (em frente a Tabacaria Popular) – Telefone: 9983-3447. Funciona de segunda a sábado das 6 as 15 horas e domingo das 6 horas até o meio-dia.

2011: as filhas da Oscarlina ensinaram a fazer o camarão e o vinagre Pimentão, outro item da receita

Olhe o fogo! – Nas minhas primeiras tentativas em fazer o Camarão bar das Ostras, uma vez errei feio e o molho talhou. Liguei para as meninas (filhas da Oscarlina) e elas logo adivinharam: “Mulher! Fez no fogo alto. Tem que ser baixo”. Então baixe o fogo, porque o resto é fácil. Eu gosto de servir como entrada, mas o Camarão Alagoano do Bar das Ostras, nosso patrimônio imaterial,  é uma receita nobre, quase francesa pela quantidade da manteiga.

Camarão Alagoano Bar das Ostras, com seu molho cor-de-rosa, aveludado e um pouquinho acido, é impagável. Não dispenso mergulhar um pão francês no caldo. Copie a receita e tenha uma saborosa Semana Santa alagoana.

Os ingredientes do Camarão Alagoano Bar das Ostras

Camarão  Alagoano Bar das Ostras

 1kg de camarão vila franca ou rosinha (Companhia do Mar), 1 tomate, ½ cebola, 1/3 de pimentão verde,1 colher (sopa) de vinagre pimentão ou tomatão, ¼ limão, 2 colheres (sopa) de azeite de oliva, 600 g de manteiga de Batalha ou Major Isidoro, 1/3 de maço de coentro, 2 colheres de extrato de tomate concentrado.

Farofa: 01 cebola grande cortadas em rodelas, 1/3 xícara de óleo, 1/3 de extrato de tomate concentrado, 200gr de manteiga de major Isidoro ou Batalha, 1 colher de sopa de colorau, 1 ½ de farinha de mandioca quebradinha e sal a gosto.

Como fazer o Camarão Alagoano Bar das Ostras

  1. Colocar em água fervente os camarões; deixar cozinhar por 10 minutos, em seguida retire os camarões da água fervente e coloque-os em água fria, em seguida, descasque-os.
  2. Após limpar os camarões, coloque-os novamente na água com pouco de sal, deixe ferver por 5 minutos. Esfriar e reservar.
  3. Se for o Vila Franca, ou Rosinha sem casca, basta jogar na água quente com sal .
  4. Coloque no liquidificador tomate, cebola, pimentão, coentro, vinagre e extrato de tomate. Em seguida despeje o molho liquidificado numa panela, leve ao fogo baixo, acrescentando o azeite, limão; deixe cozinhar por 10 minutos, sem reduzir o volume. Mexendo sempre. Coloque a metade da manteiga, e continue mexendo, acrescentando o resto da manteiga. Os camarões só devem ser colocados por último, senão ficam “emborrachados”. Deixe ferver por 10 minutos em fogo baixo.

Para fazer a farofa use a farinha quebradinha do Mercado da Produção

Como fazer a farofa:

  1. Use a farinha quebradinha (vendida no Mercado da Produção)
  2. Em uma panela coloque o óleo e a cebola, até que fique transparente. Acrescente a manteiga, o extrato de tomate e o colorau, mexa até dissolver. Aos poucos, vá colocando a farinha, sempre misturando com a colher. Provar e ajustar a quantidade de sal.

Pronto, coloque a farofa, arroz branco e o camarão. Você tem agora o Camarão Alagoano Bar das Ostras!

Dica: pão francês para saborear o molho. Bom apetite

Comadre Oscarlina, a dama da gastronomia alagoana

Saiba mais

– No dia 22 de julho de 2011, quando completou 45 anos, a Sococo protocolou o pedido de tombamento do Camarão Alagoano Bar das Ostras como Patrimônio Imaterial de Alagoas. É a primeira solicitação deste tipo feita no nosso Estado. O tombamento é concedido depois de cumpridos os ritos legais do processo.

Em tempo: “Esse camarão é incrível mesmo.O camarão do Bar das Ostras já foi registrado (2013) como patrimônio imaterial de Alagoas, pelo Conselho Estadual de Cultura”, Janayna Avila, jornalista e fã do blog

– Durante meio século, o Camarão do Bar das Ostras foi, indubitavelmente, o maior ícone culinária alagoana. Sabor único, sua receita foi criada por Comadre Oscarlina, proprietária e chef da casa. A receita e o modo de fazer foram ensinados apenas a suas filhas, que depois da morte da mãe passaram a tocar o restaurante até o ano de 2002, quando encerraram as atividades. Desde então os alagoanos e turistas ficaram órfãos da receita, até 2011.

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