A tragédia que terminou com a morte de quatros crianças carbonizadas nesse domingo (14) em Canapi, Sertão de Alagoas, só não foi maior porque uma outra criança teria deixado o quarto horas antes do incêndio. A informação foi confirmada pelo repórter Alan Garcia, da TV Pajuçara, na noite desta segunda-feira (15).

De acordo com o repórter, a menina, que é irmã gêmea de umas das vítimas, se desentendeu com uma outra criança e teria deixado o quarto onde o incêndio aconteceu horas antes da tragédia. Ainda segundo os relatos, ela saiu do local onde estava na companhia de Davy, Ludmila, Ayla e Ariela e foi dormir com os pais em outro quarto.

As chamas - Segundo testemunhas, o fogo teria começado após um problema elétrico no ventilador, que estava no quarto onde as vítimas dormiam. Os corpos de Davy, Ludmila, Ayla e Ariela seguem no Instituto Médico Legal (IML)

Duas crianças eram filhas dos proprietários da residência, enquanto as outras duas eram filhas de pastores evangélicos, vizinhos do imóvel. A suspeita é de que o eletrodoméstico causou as chamas, que rapidamente se alastraram para os colchões onde as vítimas estavam dormindo. Os outros moradores da casa ainda teriam arrombado a porta num ato de desespero, mas teriam encontrado as crianças já sem vida e abraçadas.

Menino tentou proteger as outras crianças - A perícia criminal realizada pelo Instituto de Criminalística de Alagoas na casa onde quatro crianças morreram em um incêndio no Centro de Canapi, neste último domingo (14), deve ficar pronta em até 20 dias. Segundo o perito criminal responsável pelo exame, uma das crianças tentou proteger as outras três.

“Os corpos estavam posicionados no canto oposto à porta do quarto. Uma das vítimas, um menino, estava abraçado com duas das meninas, como se tivesse tentando protegê-las das chamas. A quarta vítima, também do sexo feminino, estava caída ao lado dele, demonstrando que ele ainda tentou salvá-la. Apesar da iniciativa heroica do garoto, todos acabaram morrendo por asfixia e por carbonização”. relatou o perito criminal Clisney Omena.

O perito criminal explicou que após os levantamentos no local do incêndio, a principal linha de investigação da dinâmica do incidente é que a deflagração das chamas tenha iniciado, conforme relatado por testemunhas, após um curto-circuito em um ventilador. Mas, para confirmar essa hipótese, ele ainda irá analisar o local exato onde ocorreu o sítio de eclosão do fogo no interior do imóvel.

Delegado diz que incêndio pode ter sido acidental - O delegado Daniel Mayer, responsável pela investigação sobre as mortes de quatro crianças vítimas de incêndio em uma casa na cidade de Canapi, afirmou nesta segunda-feira, 15, que a tragédia deve ter ocorrido em consequência de um acidente. 

"O incêndio ocorreu no início da madrugada. Um menino de 9 anos e três garotinhas de 7, 6 e 4 anos de idade perderam a vida depois que supostamente um ventilador entrou em curto circuito e espalhou chamas nas portas, nos colchões e no armário do quarto onde elas estavam dormindo. O responsável pela casa acordou já com o fogo alastrado e conseguiu escapar com vida, mas verificou que as crianças em tese já estariam desfalecidas. [...] De antemão, já adiantamos que, conforme levantamento realizado pela PC, tudo faz crer que realmente foi uma tragédia, um acidente de proporções imensuráveis em que não só crianças perderam a vida, foi muito maior, uma cidade foi atingida pela morte trágica dessas crianças. E duas famílias foram destruídas, destroçadas. A Polícia Civil manifesta extremo pesar pela vida das quatro crianças e pelos habitantes da cidade".