Caso Henry: filho de ex-namorada de Jairinho voltou com o fêmur quebrado após sair sozinho com o vereador

Publicado em 17/04/2021, às 08h57
Tânia Rêgo / Agência Brasil -

Extra

Além de ter voltado atrás e confessado ter sofrido agressões de Dr. Jairinho, quando os dois tinham um relacionamento amoroso, a estudante Débora Melo Saraiva, ex-namorada do vereador, contou nesta sexta-feira à polícia que seu filho foi a uma festa infantil com o padrasto e voltou com uma lesão na perna. O vereador, que foi preso após o assassinato de Henry Borel, de 4 anos, teria dito à ex-companheira que gostaria de sair sozinho com a criança porque, de acordo com o político, sua ex-mulher, a dentista Ana Carolina Netto, não o deixava ver o próprio filho.

LEIA TAMBÉM

“Deixa eu levar ele. Porque a Ana não deixa eu levar o meu filho, não deixa eu ver o meu filho. Deixa eu levar o seu, eu que cuido, eu que sou o pai. Só quero levá-lo para se divertir”, teria lhe dito Jairinho, segundo novo depoimento da estudante na 16ª DP (Barra da Tijuca). Débora então disse que, pouco tempo depois, o vereador ligou dizendo que o menino havia torcido o joelho. Médicos de uma clínica particular da Barra, que examinaram a criança, constataram, no entanto, que ela tinha uma fratura no fêmur. A mãe afirmou ter estranhado o fato de o filho não ter chorado em nenhum momento, mesmo diante da lesão grave.

Violência no sofá de casa

A estudante disse que o filho, hoje com 8 anos, relatou para ela que, em 2015, quando tinha menos de 3 anos, foi vítima de outra violência de Jairinho. O garoto relatou que o vereador colocou um papel e um pano em sua boca, avisando que ele não poderia engoli-los. O vereador deitou a criança no sofá da sala, subiu no móvel e pisou com os pés sobre o corpo do menino.

Nesse novo relato aos policiais que investigam a morte de Henry, na madrugada do dia 8 de março, dentro de casa, Débora disse que “não é capaz de contabilizar” as inúmeras agressões de que foi vítima. Em 2020, quando os dois estavam na casa da família de Jairinho em Mangaratiba, a estudante diz ter sido agredida porque tentou impedi-lo de ler o conteúdo do seu celular. Ela narrou que recebeu um “mata leão”, foi arrastada pela casa e mordida três vezes no couro cabeludo. Em outra ocasião, no mesmo ano, Débora teria sido chutada por Jairinho, o que provocou a fratura de um dos seus dedos do pé, que foi imobilizado numa clínica particular no Méier.

Débora contou que, sempre após as explosões de fúria, quando questionado sobre o motivo de seu comportamento, Jairinho reagia como se nada tivesse acontecido. “Tá maluca? Eu não fiz isso. Eu não fiz nada”, respondia, de acordo com ela.

Segundo a estudante, o relacionamento dos dois, que durou seis anos, terminou em outubro do ano passado, quando ela ficou sabendo que o vereador estava namorando Monique. Monique Medeiros e Dr. Jairinho, que foram presos, vão responder por homicídio duplamente qualificado. Henry Borel morreu com 23 lesões por todo o corpo no apartamento do casal no Condomínio Majestic, na Barra.

Em seu primeiro depoimento à polícia, Débora admitira apenas ter um relacionamento conturbado com Jairinho, mas não mencionou agressões. Ela também negou, na ocasião, que uma queda do filho na casa de Mangaratiba do político tivesse a ver com violência. A mãe contou que fora uma queda. Na madrugada da morte de Henry, ela trocou mensagens com Jairinho.

Ex-empregada acusa

Localizada pelos investigadores, a ex-empregada de Débora, a dona de casa Valéria Batalha, que cuidava dos dois filhos da estudante, citou ao menos quatro episódios de agressões por parte de Jairinho. Em uma das vezes, a criança chegou a ficar internada cerca de uma semana, acompanhada da avó, que, segundo ela, chamava o vereador de “Monstro”. Ela acredita que o apelido se devia à conduta violenta de Jairinho. Valéria contou que certa vez a criança “ficou com o rostinho muito roxo, os olhinhos fechados” e passou mais de uma semana hospitalizada.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Protótipo de carro voador produzido no Brasil faz primeiro voo Polícia prende segundo homem envolvido no roubo de obras de arte em SP Polícia Federal mira deputados em operação que apura desvio de cotas parlamentares Conteúdo pornográfico é exibido em TV de recepção de hospital