“Centrão” dividido entre bolsonaristas e interessados em aderir ao governo

Publicado em 04/11/2022, às 19h35

Redação

Jornalista Thais Oyama, no portal UOL:

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Valdemar Costa Neto saiu da eleição com 99 deputados federais e uma batata quente na mão. O cacique do PL é agora dono da maior bancada da Câmara, mas tem na sua cota não mais que 44 parlamentares — os demais vieram na esteira da filiação de Jair Bolsonaro à sigla e incluem nomes de comprovado potencial incendiário como Carla Zambelli, Bia Kicis e Zé Trovão.

O desafio do cacique será o de equilibrar-se entre os bolsonaristas radicais — preparados para uma oposição estridente ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva— e a índole governista do seu partido, o maior do centrão.

Ao menos por ora, o chefe do PL não pretende fazer qualquer movimento que posicione a sigla na trincheira oposta à do governo Lula — e deixou isso claro nesta semana ao se recusar a emitir uma nota oficial nesse sentido, conforme pretendia um grupo de bolsonaristas integrantes do partido.

Dado que distanciar-se deles é uma impossibilidade, Valdemar decidiu manter por perto o chefe da tropa. A partir de janeiro, Bolsonaro integrará o quadro de funcionários do PL, que bancará despesas como casa e advogados para o presidente derrotado.

O general Braga Netto também deve entrar para a folha de pagamentos da sigla. O militar, que foi candidato a vice na chapa do presidente, manifestou o desejo de ‘ajudar o partido’ e ‘trabalhar junto com Bolsonaro’. Valdemar deve atender o pedido.

O presidente do PL, que fechou acordo com Arthur Lira (PP) para apoiá-lo na tentativa de reeleição à presidência da Câmara, em troca espera o apoio do parlamentar ao candidato do PL na disputa pela presidência do Senado. Valdemar quer atrair para a vaga a ex-ministra e senadora eleita Teresa Cristina, hoje filiada ao PP.

O acordo selado entre Valdemar e Lira inclui ainda a promessa de que, mesmo que o PP consiga formar federação com o União Brasil, continuará sendo do PL o título de maior bancada da Câmara, com as prerrogativas que isso confere ao partido, por exemplo, na reivindicação de posições para a Mesa da Câmara e o comando das principais comissões da Casa.

Valdemar sonha grande e está fechado com Lira. Assim, diante do paredão que se forma, o novo governo Lula terá duas opções: tentar furá-lo ou escorar-se nele. A resposta para a pergunta se o PT vai lançar um candidato forte para a presidência da Câmara ou se deixará o caminho livre para Lira será o melhor indicador dessa escolha.”

 

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