China legaliza existência de campos de detenção para minorias islâmicas

Publicado em 12/10/2018, às 08h51
-

Folhapress

A China ratificou nesta quinta-feira (11) a legalidade dos campos de internação onde cerca de 1 milhão de pessoas de minorias muçulmanas são mantidas compulsoriamente para doutrinação, o que o regime comunista nega.

LEIA TAMBÉM

A legalização acontece apesar da comoção provocada pelas violações de direitos humanos registradas em relatórios da ONU e de ONGs sobre os centros de detenção. Parlamentares dos EUA reiteraram seus pedidos ao presidente americano, Donald Trump, para responder à repressão de Pequim.

A nova legislação da província de Xinjiang (noroeste) determina que as autoridades locais possam estabelecer "educação para habilidades ocupacionais e centros de treinamento, organizações de transformação da educação e gerências para transformar pessoas influenciadas pelo extremismo através da educação".

Estes centros, diz um artigo, são obrigados a ensinar o mandarim e oferecer educação ocupacional, assim como "educação ideológica, reabilitação psicológica e correção de comportamento".

Embora negue a existência de internação compulsória para as minorias muçulmanas, a ditadura diz enviar quem comete delitos leves para o que chama de centros de treinamento vocacional.

Ex-detentos afirmam que foram forçados a renegar o islamismo e professar lealdade ao Partido Comunista chinês em um processo de doutrinação política.

"É uma reiterada justificativa para aprisionamento em massa de uigures, cazaques e outras minorias muçulmanas", disse à agência de notícias Associated Press James Leibold, pesquisador de ética chinesa da Universidade La Trobe, em Melbourne.

No texto anterior, aprovado no ano passado, o uso de véus por mulheres, "discurso e comportamento extremistas" e a negativa de ouvir rádio e TV públicos haviam sido proibidos.

Nos últimos anos, as autoridades chinesas tentaram reprimir as minorias de Xinjiang, incluindo movimentos pró-independência, com a migração de cidadãos da maioria han.

O regime alega que estes grupos têm ligações com extremistas islâmicos, mas sem apresentar provas. Além de impedir o contato dos detentos familiares que vivem em outros países, as autoridades também levam seus filhos a orfanatos estatais.

"Apesar dessas revisões, eu ainda acredito na prática de detenção coercitiva dos uigures", disse Leibold. "Isso não só viola a lei chinesa, mas as normas internacionais legais de privação de liberdade."

Os informes relatando a detenção compulsória das minorias muçulmanas levou os EUA a considerarem impor sanções a membros do regime e empresas ligadas aos centros de doutrinação.

Além da pressão ao líder chinês, Xi Jinping, a comissão bipartidária sobre China do Congresso americano solicitou a Trump sanções contra dois chefes do Partido Comunista chinês.

Caso aprovadas, as punições agravariam a tensão com os chineses, com relações estremecidas devido à guerra comercial e ao avanço militar de Pequim na Ásia.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Vídeo: ratazana surge a bordo de avião e provoca pânico entre passageiros Diretor de cinema Rob Reiner citou 'medo' do filho horas antes de ser morto Agente de condicional confessa relacionamento amoroso com detento em presídio de segurança máxima Brasileira e italiano morrem após paraquedas se chocarem durante salto