Redação
O ex-diretor da Petrobras (BR) Nestor Cerveró, que firmou um acordo de delação premiada com a Força Tarefa responsável pelas investigações da Operação “Lava Jato”, acusou o senador por Alagoas, Fernando Collor de Mello (PTC), que pertencia ao PTB na época, de receber valores entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões da UTC, uma das empresas investigadas na operação para que a mesma construísse bases de distribuição de combustíveis da BR Distribuidora, uma subsidiária da estatal.
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A informação foi publicada pelo Estadão nesta sexta-feira (3), e afirmou que a UTC venceu todas as licitações da BR desde que ele assumiu a diretoria da empresa, em 2008.
A reportagem informou ainda que em sua delação Cerveró apontou que a empreiteira construiu pelo menos duas bases de distribuição da subsidiária, a de Porto Nacional, em Tocantins, e de Cruzeiro do Sul, no Acre, além de ter sido contratada para a ampliação do terminal de distribuição de combustíveis de Duque de Caxias (RJ).
Ainda segundo o delator, essas obras foram licitadas por José Zonis, diretor de operações logísticas da BR Distribuidora, apontado por Cerveró como sendo afilhado de Collor na empresa.
O depoimento diz ainda que os pagamento feitos ao senador eram feitos por intermédio de Pedro Paulo de Leoni Ramos, que foi ministro quando Collor foi presidente da República, entre os anos de 1990 e 1992. Pedro Paulo é apontado como representante do político alagoano no esquema de corrupção.
Em seu depoimento, Cerveró chegou a afirmar que Pedro Paulo mostrou uma tabela feita pelo próprio senador com indicação de valores que deveriam ser pagos a ele em relação a cada negócio da BR Distribuidora. Nessa tabela os valores indicados por Collor eram “bastante elevados”, e que Pedro Paulo chegou a perguntar a ele como o ex-diretor iria viabilizar o repasse de tanto dinheiro. “Te vira que esse problema é teu”, teria respondido Cerveró ao operador do senador.
O depoimento de Cerveró foi homologado como Delação Premiada no final do ano passado e se tornou público ontem, 2, no sistema interno do Supremo Tribunal Federal (STF). O site do Estadão afirmou que as delações de Cerveró são similares as feitas pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa, que confirmou o pagamento de propina a Collor.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou Collor e Pedro Paulo ao STF pela suposta prática de corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato. Collor é alvo em outras cinco investigações no esquema, já o homem apontado como seu operador, Pedro Paulo, é alvo de duas denúncias na Suprema Corte.
A revista Veja publicou em seu portal, que o senador Fernando Collor, tinha um operador do seu partido, o PTB, de apelido "Pânico", que frequentava regularmente a BR. “Segundo Cerveró, Collor arrecadava propina na compra de álcool de usineiros e também nos acordos para uso de "bandeira" das distribuidoras de combustível em postos de São Paulo”, informou a Veja.
A revista diz ainda que Collor levou entre R$ 6 e R$ 10 milhões na negociação para que a rede de postos da DVBR - Derivados do Brasil SA se associasse à BR Distribuidora. A subsidiária da Petrobras pagou 150 milhões pelo negócio.
A defesa de Collor informou ao Estadão que o senador negou que tenha participado dos processos internos e licitações realizadas pela BR Distribuidora, e afirma que jamais recebeu propina da UTC. Já o portal da Revista Veja, não citou se conseguiu falar com a defesa do senador.
Em nota, Collor informou ao TNH1 que rejeita tal delação pois não há provas de seu envolvimento na questão. Ele não comentou a revelação da Revista Veja.
Confira a nota emitida pela assessoria de comunicação do senador, na íntegra:
O Senador Collor repudia os termos da delação de Nestor Cerveró, que são absolutamente inverídicos no que lhe dizem respeito. FCM não participou nem se fez representar em aventada reunião de cuja realização não tem notícia nem o menor conhecimento. É preocupante para a democracia quando implicados procuram lavar seus malfeitos enodoando a reputação alheia sem apresentar qualquer dado concreto e, ainda assim, recebem acolhida de instituições como o Ministério Público e da própria imprensa como se fossem arautos da verdade.
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