Com lama e alegria, Bloco Manguebeat anima ladeiras de Olinda

Publicado em 25/02/2017, às 15h17

Redação

Uma multidão suja de argila dos pés à cabeça animou as ladeiras de Olinda na manhã de hoje (25), sábado de Zé Pereira, ao som de Chico Science e Nação Zumbi no Bloco Manguebeat.

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Sábado é considerado o dia menos cheio do carnaval de Olinda por causa do Galo da Madrugada, no Recife, que reúne cerca de 2 milhões de pessoas. Mesmo assim, a multidão enchem as ruas de pedra para frevar nos blocos, grandes e pequenos, tradicionais ou alternativos, que saem de pontos variados da cidade histórica.

Um desses blocos, que já virou tradição em Olinda, é o Manguebeat, criado há 23 anos pelo microempresário Carlos Fernando Viana, 52 anos. “Convivi numa brincadeira que existe no Paiva [banho de argila em praia do litoral sul de Pernambuco] e resolvi trazer um balde dessa argila e chamei alguns amigos. Foram seis. Inventamos na hora o bloco do Manguebeat, porque o movimento do Chico Science estava em alta na época. E hoje a gente arrasta uma multidão, mil, 1,5 mil pessoas.”

Os foliões se pintam com argila dos pés à cabeça – muitos deles com o chapéu de palha característico usado por Chico Science. O bloco também faz referência ao ecossistema do mangue, muito comum na região litorânea de Pernambuco – morada de caranguejos e local de reprodução de várias espécies.

A alusão à natureza atrai muita gente. A fotógrafa Cynthia Myarka, 36 anos, sai no bloco há 20 anos e desta vez trouxe a filha Hannya para brincar também. “O bloco começou preservando o mangue da Praça dos Milagres. E cresceu, ficou assim. E agora trouxe a nova geração.” A menina já sabe do que mais está gostando: “Lama!”, gritou, rindo, nos ombros da mãe.

Segurando o estandarte do grupo, o empresário Stênio Laurentino, 34 anos, diz que o Bloco Manguebeat mostra parte da identidade pernambucana. “Simboliza toda essa história do mangue, da natureza, e além disso tem Chico Science. Representa uma força”. A passagem do bloco deixa até que está de fora, passando pelas ladeiras, sujo de lama. “Você vai melando a galera, conversando, é massa”, disse Laurentino.

A trilha sonora é, naturalmente, o manguebeat, tocado por um carrinho de som eletrônico que fica no centro do bloco – logo ao lado do homem-caranguejo, fantasiado com um chapéu gigante do crustáceo. Nos clássicos de Chico Science, a apoteose do bloco: a multidão canta em coro e pula freneticamente, dançando na forma característica do movimento.

Blocos tradicionais

Outros blocos tradicionais de Olinda também vão desfilar neste sábado. A concentração do Mangueira Entra começou às 14h, no Varadouro, com seus foliões vestidos de verde e rosa, cores da tradicional escola de samba do Rio de Janeiro. A Troça Carnavalesca Ceroula de Olinda sai do Clube Atlântico, no Carmo, às 16h. O dragão vermelho e amarelo do Eu Acho é Pouco arrasta uma multidão a partir de 17h na Praça dos Milagres, em Varadouro.

Um dos grandes momentos do carnaval de Olinda ocorre na virada para o domingo: a saída do Homem da Meia Noite, boneco gigante que tem 85 anos. Ele sai da sede no bloco, no Bonsucesso, com sua roupa verde e branca, dente de ouro e cartola na cabeça. Este ano, a alegoria homenageia a cultura afro. Seu discípulo, O Menino da Tarde, brinca a folia mais cedo, às 16h30, na sede do Cariri, em Guadalupe.

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