Flávio Gomes de Barros
Texto de Roseann Kennedy e Iander Porcella:
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"O silêncio da oposição foi a maior arma para derrotar o Palácio do Planalto na abertura dos trabalhos da CPMI do INSS nesta quarta-feira, 20. Tanto oposicionistas quanto governistas chegaram a uma mesma conclusão: foi a vitória mais expressiva neste ano dos bolsonaristas, que agiram na calada da noite.
Após a derrota acachapante, a base passou a pedir a cabeça do líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), que chegou atrasado na reunião, mas ele deve ser mantido no cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com o dedo em riste, o senador Omar Aziz (PSD-AM) apontou a culpa de Randolfe, segundo relatos feitos à Coluna do Estadão. Procurados, os dois ainda não comentaram.
Houve uma clara mudança no modus operandi dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Depois de virem que dar publicidade à estratégia não funcionou no caso da anistia do 8/1 e que ainda estavam com a imagem arranhada pela ocupação das Mesas do Congresso, sabiam que, se fizessem barulho, correriam o risco de não unir o Centrão na articulação. No fim das contas, conseguiram eleger os oposicionista Carlos Viana (Podemos-MG) e Alfredo Gaspar (União-AL), respectivamente, como presidente e relator da CPMI.
A oposição passou toda a terça-feira, 19, e virou a madrugada contando votos e montando a estratégia de chegarem todos juntos na reunião da CPMI e surpreenderem a base governista, que estava desmobilizada por acreditar que a comissão estava sob controle. Randolfe chegou ao local mais de meia hora depois de os trabalhos terem sido abertos, a tempo de votar, mas sem chances de mudar o cenário.
O movimento foi articulado na Câmara pelo líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), e no Senado por Rogério Marinho (PL-RN). O silêncio era crucial porque, se a articulação vazasse, o governo se mobilizaria para demover o Centrão de apoiar os bolsonaristas. Carlos Viana chegou a comentar que nunca colocou o próprio nome na mesa porque, se falasse sobre o assunto em público, o Planalto daria um jeito de derrubá-lo do posto.
Quando os outros governistas perceberam a possibilidade de derrota na CPMI, começaram a reclamar da ausência de Randolfe. A indignação foi tamanha que lideranças aliadas ao Planalto avaliaram que Randolfe não teria mais condições de liderar o grupo e estão dispostas a deixar a queixa clara para Lula, já que agora terão de montar uma operação de guerra na comissão, antes desnecessária.
“Tem uma circunstância regimental. O primeiros suplentes são do PL. Foram esses três primeiros suplentes da Câmara que acenderam e fizeram a diferença no voto”, disse o líder ao se explicar..."
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