TNH1 com TV Pajuçara
De janeiro a novembro, a Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) registrou 171 atendimentos de incidentes com morcegos - no ano passado foram 126. Os animais podem ser transmissores da raiva, vírus que ataca o sistema nervoso e é considerado gravíssimo. O infectologista Fernando Maia afirmou ao Fique Alerta, nesta quarta-feira, 24, que qualquer tipo de contato com o animal é considerado um risco e a profilaxia tem que ser feita o mais rápido possível.
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"Não vale subestimar. O morcego é o principal reservatório desse vírus na natureza. Qualquer contato, esbarrou no morcego, ou pior: foi mordido pelo morcego; ou estava dentro de uma casa que passou a noite e descobriu que tinha um morcego dentro de casa. Tudo isso é considerado contato com o morcego e necessita fazer a profilaxia correta. O morcego transmite o vírus com muita facilidade. Por isso essa necessidade de procurar o serviço de saúde imediatamente. A gente tem o prazo máximo para iniciar a profilaxia com efetividade é de 10 dias. Passou de 10 dias, ainda posso fazer? Pode, mas o ideal é iniciar essa profilaxia o mais rápido possível com soro e vacinas específicas contra a raiva".
Algumas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), como a do Tabuleiro do Martins e a do Jacintinho, foram citadas por Maia como ponto de saúde imediato. A vacina são em quatro doses e o soro é de dose única aplicado junto com a primeira dose da vacina, explicou o infectologista.
"Mesmo que você tenha ficado na dúvida, procura o serviço de saúde, explica sua situação, e aí você vai ser avaliado pelo médico, que vai ver a necessidade de fazer a profilaxia ou não. Em caso de morcego, geralmente a gente faz a profilaxia por causa desse risco aumentado".
Fernando Maia alertou também para o comportamento de morcegos que comecem a aparecer em períodos diurnos ou que apresentam dificuldade para levantar voo.
"É um sinal de alerta porque o morcego é um animal noturno. Quando a gente vê morcego tentando voar durante o dia, pode significar que ele está com alguma alteração. Uma causa importante de alteração encefalite no morcego é exatamente a raiva. Aquele morcego que está tentando voar e não está conseguindo, que se debate e não consegue voar, não toque nele, porque ele pode estar com raiva. Não toque de maneira nenhuma, porque ele pode transmitir a raiva".
A profilaxia é 100% efetiva desde que iniciada até 10 dias depois do contato, após isso, ela pode não funcionar, destaca o médico. "O grande problema do morcego realmente é a raiva, porque a raiva é uma doença 100% letal. Se você não fizer a profilaxia, 100% das pessoas evoluem para doença e morrem dela. Não vale a pena brincar com isso ou facilitar".
Veja mais dúvidas esclarecidas pelo infectologista Fernado Maia:
E em quanto tempo os sintomas da raiva podem aparecer?
"Geralmente demora de duas semanas a alguns meses. A maioria dos pacientes desenvolve doença em até dois meses após o contato. É a chamada raiva ou hidrofobia. A pessoa começa a ter dificuldade para engolir saliva, começa a salivar porque não consegue engolir. Começa a ter alteração de comportamento, fica desorientado, com medo da luz. Se for uma criança, por exemplo, pode ficar sem querer brincar, fica desorientada, querendo se esconder em lugares escuros. Tanto a criança quanto o adulto fica agressiva, com alteração de comportamento. Muito semelhante a um animal doente, que tem o mesmo comportamento de agressividade, salivar. O cachorro para de latir, começa a uivar, babar. São sinais que pode ser raiva".
Depois que os sintomas se manifestam, o ser humano tem pouco tempo de vida?
"Em média uma semana após isso. Existe um tratamento antirrábico desenvolvido nos EUA e foi aplicado aqui (Brasil). Temos dois casos de cura de raiva com esse tratamento, mas são pessoas que desenvolveram sequelas muito graves e ficaram incapacitadas para o resto da vida. Não vale a pena pagar para ver. O ideal é fazer a profilaxia de imediato, evitar a doença, porque mesmo que se faça o tratamento, as consequências são muito graves. A profilaxia é 100% efetiva se for iniciada até 10 dias após o incidente".
Esse aumento dos números de atendimentos mostram que as pessoas estão mais atentas?
"Sim, sem dúvida, porque é uma doença muito grave. Isso indica que as pessoas estão procurando mais, talvez indique uma maior atividade dos morcegos. Esse ano nós já encontramos morcegos positivos para raiva, é um dado que precisamos ficar alertas. O morcego é o principal transmissor, que tanto transmite para pessoas como para animais: bois, vacas, cavalos, ovelhas, porco. Temos que ficar alertas".
Existe grupo de risco?
"Não existe grupo de risco. Qualquer pessoa que for mordida pode desenvolver a raiva e o risco de morrer é muito grande".
Confira a matéria do Fique Alerta na íntegra:
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