Crime contra a fauna: peixes-boi já foram até embriagados no litoral alagoano

Publicado em 21/09/2016, às 14h10

Redação

Uma cena que já não é incomum na praia de Ponta Verde, orla urbana de Maceió, voltou a surpreender banhistas, na manhã desta quarta-feira (21). Um peixe-boi apareceu nas águas desse cartão postal da capital alagoana, atraindo a atenção. Mas se alguns banhistas se limitaram ao encanto pelos animais, outros tiveram atitudes prejudiciais, mostrando o despreparo da população do Estado para lidar como o animal. 

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Além da simples manipulação do animal, que não é benéfica, o biólogo Bruno Stéfanis, coordenador do Instituto Biota de Conservação conta que peixes-boi já foram até mesmo embriagados por banhistas. 


"Por ser dócil, a espécie fica mais vulnerável a agressão. Nós já encontramos animais marinhos feridos com facadas, tiros, pauladas, inclusive animais que haviam ingerido bebida alcoólica”, lamenta o biólogo, que desaconselha a população a se aproximar dos peixes-boi.

“Essa interação tira o animal de sua função real, tipo reprodução ou alimentação, o que tira ele da sua função ecológica. Com isso, é comum encontrarmos esses animais com furúnculos, possivelmente transmitidos por bactérias do homem, e o contrário também é possível, isso se chama zoonoses”, explicou.

Essa interação foi flagrada pelo próprio Biota, que mostra banhistas dão água para o animal beber.


Banhistas dão água a peixe-boi avistado no mar de Ponta Verde, em Maceió (Foto: Cortesia/Grupo Biota)

CRIME AMBIENTAL

O coordenador apontou ainda que legislação nacional prevê que tal prática configura crime ambiental contra a fauna, segundo a Lei 9.605, que nos casos de condenação pode variar de 1 a dois anos de prisão, ou pagamento de multa que pode variar de R$ 500 a R$ 5 mil.

Bruno Stefanis deixou claro que seguir, interagir ou tocar em animais selvagens da fauna brasileira é considerado crime, mas orienta como os banhistas, sejam turistas ou nativos, devem se comportar.

“A defesa do peixe boi é a camuflagem, o problema é que esses animais são criados em cativeiro e enxergam nos humanos alguém que pode alimentá-los. Nós recomendamos que, por eles estarem em seu habitat, nós é quem devemos nos afastar. Pode tirar foto, filmar, mas não abraçar, pegar. Nada que se ponha a mão nesses animais. É uma questão de preservação”, concluiu.


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