Críticas de enteados: Michelle rebate filhos de Bolsonaro e toma decisão sobre Ciro Gomes

Publicado em 02/12/2025, às 12h00
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A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) reforçou que não apoiará Ciro Gomes (PSDB-CE), em resposta às críticas que sofreu de Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro, seus enteados.

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Michelle disse respeitar a opinião dos filhos de Bolsonaro, apesar de discordar. Ela afirmou que "jamais" concordará em apoiar a candidatura de Ciro Gomes, que, segundo ela, "tanto mal causou" ao seu marido e à sua família.

A presidente do PL Mulher chamou o ex-governador cearense de "raposa política". "Ciro Gomes não é e nunca será de direita. Nunca defenderá os nossos valores. Sempre será um perseguidor e um maledicente contra Bolsonaro", completou.

"Como apoiar (ou deixar de, caridosamente, admoestar quem apoia) um homem que foi responsável por implantar a narrativa que rotulou o meu marido como genocida? Como ficar feliz com o apoio à candidatura de um homem que xinga o meu marido o tempo todo de ladrão de galinha, de frouxo e tantos outros xingamentos? Como ser conivente com o apoio a uma raposa política que se diz orgulhoso por ter feito a petição que levou à inelegibilidade do meu marido e se diz satisfeito com a perseguição que ele tem sofrido?", disse. 

"Acredito em uma política diferente. Não basta derrotar o PT e a esquerda: é preciso fazê-lo mantendo-nos fiéis aos nossos valores e agirmos de maneira coerente com eles. (...) Penso que derrotar o PT dessa forma seria o mesmo que trocar Joseph Stalin por Vladimir Lenin", acrescentou.

Bolsonaro não se manifestou favoravelmente ao apoio a Ciro, disse Michelle. Contudo, aliados e os próprios filhos do ex-presidente afirmam que a aliança no Ceará foi costurada com o aval dele.

A ex-primeira-dama concluiu a nota pedindo perdão aos enteados: "Não foi minha intenção contrariá-los". Ela adotou um tom respeitoso em relação a Flávio, Carlos e Eduardo e disse que não responderá às críticas deles. "Vivemos tempos difíceis. Enfrentamos tempestades de injustiças em mares de perseguição agitados. Nesses períodos, é normal que os nervos fiquem à flor da pele e podemos vir a machucar aqueles a quem Jamais gostaríamos de magoar", escreveu.

"Amo o meu marido, a minha filha e amo a vida dos meus enteados. Eu entendo e sofro a dor deles porque ela também é a minha dor", disse Michelle Bolsonaro, em nota.

"Autoritária e constrangedora"

Flávio disse que Michelle agiu de forma "autoritária". O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarou ao portal Metrópoles que a ex-primeira-dama "atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará". O primogênito de Jair avaliou que a forma com que Michelle se dirigiu a Fernandes "foi autoritária e constrangedora".

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) concordou com o irmão. "Meu irmão Flávio Bolsonaro está correto. Foi injusto e desrespeitoso com o André Fernandes o que foi feito no evento. Não vou entrar no mérito de ser um bom ou mau acordo, foi uma posição definida pelo meu pai. André não poderia ser criticado por obedecer o líder", escreveu ontem em post no X.

O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) endossou os irmãos. "Temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai, sem deixar nos levar por outras forças", escreveu no X.

Bronca de Michelle

Michelle participou no domingo do lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo) ao governo do Ceará. Em discurso, ela criticou a aproximação do deputado estadual André Fernandes, presidente do PL no Ceará, com Ciro.

"É sobre isso. É sobre essa aliança que vocês [PL] se precipitaram a fazer. [...] Fazer aliança com o homem [Ciro] que é contra o maior líder da direita, isso não dá, isso não dá. [...] A pessoa não levanta a bandeira branca. A pessoa continua falando que a família é de ladrão, é de bandido. Compara o presidente Bolsonaro a ladrão de galinha. Então, não tem como", disse Michelle Bolsonaro, referindo-se a Ciro Gomes.

A fala causou constrangimento. Mais tarde, Fernandes disse aos jornalistas que a aproximação foi "autorizada" por Bolsonaro. "Se ela diz que foi uma aliança precipitada, então é uma aliança precipitada do próprio marido dela", afirmou.

PL tenta resolver caso

PL convocou uma reunião após crise aberta por Michelle no Ceará. O presidente do partido, Valdemar Costa Neto, organizou o encontro para a tarde de hoje, segundo apurou a colunista do UOL Letícia Casado.

Um parlamentar bolsonarista diz que Michelle "se precipitou" por ser inexperiente na política, querer "ser purista e fechar parceria por ideologia". "Ela quer coalizão bolsonarista de direita sem compor com centrão. Só que há uma série de acordos previamente acertados pelo próprio Bolsonaro", disse à coluna.

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