Redação
Na Rua do Sol, próximo a loja Astral Presentes, encontrei um senhor de cabelos brancos parado com o carinho de cuscuz de arroz. Cheguei perto e iniciei minha inquisição: “Este cuscuz é bom?”. Ele respondeu: “O povo gosta!”. Então retruquei: “Vou comprar. Se for gostoso, o senhor ganha uma postagem no meu blog”. Dito e feito, o cuscuz de arroz é um espetáculo, recheado de histórias de felicidade da família do Luiz Machado, que mudou de vida, graças a tradição nordestina.
LEIA TAMBÉM
Seu Luiz com seu cuscuz de arroz (também tem de milho) na Rua do Sol
Seu Luiz é uma simpatia. Liguei no dia seguinte e disse que o cuscuz era bom, e que iria até a casa dele, no bairro do Bom Parto, para saber mais de sua história. E assim aconteceu. O doce lar, construído com muito esforço pelo casal Luiz e Maria Hilda, abriga a pequena fábrica que produz, artesanalmente, uma média 80 cuscuz por dia, para vender no Centro da cidade, de segunda a sexta-feira, por apenas por R$ 1,00.
Cuscuz de arroz é um dos mais queridos
A trajetória do cuscuz do seu Luiz começou quando a profissão de marchante (cortador de carne) não rendia o suficiente para criar os quatro filhos. “Um amigo perguntou se eu queria fazer cuscuz. Apenas observei ele fazer e aprendi”, disse. E lá se vão 25 anos.
Depois de pronto o cucuz de arroz recebe um banho de leite de coco com sal
Artesanal – No quintal da casa tem um quartinho dedicado a fabricar o cuscuz. Lugar simples e limpo. Lá tem a máquina para moer os grãos de arroz e milho, fogão, peneira, forminhas, lenços, e sua maior obra, o panelão que ele mesmo transformou em cuscuzeria.
Luiz acorda cedo e vai ao mercado comprar cinco ou seis cocos (depende do tamanho) e quatro quilos de arroz. De volta para casa, coloca os grãos de molho por 15 minutos, escorre, e os moe na máquina para depois peneirá-los. Em seguida, prepara o leite de coco. Quando a água do panelão está bem quente, com o auxilio da esposa Hilda e filha Rosilene, inicia a produção.
A cuscuzeira é uma panela industrial que luiz adaptou para produzir o cuscuz
Genialidade – A cuscuzeira é uma panela industrial que ele adaptou. Na tampa fez 20 buraquinhos e lacrou para sempre. Quando todos os buracos estão preenchidos com a massa, já é tempo de retirar os primeiros colocados. Ainda quentinhos, eles tomam banho de leite de coco no sal
Massa de arroz e as forminhas para abrigar o cuscuz
História – Luiz e Maria Hilda, casados há 45 anos, sempre lutaram para sobreviver. Ele foi cortador de cana, marchante, e ela agricultora. Viveram um tempo em São Paulo, onde Luiz foi ajudante de pedreiro e cozinheiro, mas o frio não fez bem a Hilda.
De volta para Maceió, passaram por dificuldade. A vida de marchante não dava para colocar comida na mesa dos filhos. Hilda lembrou dos tempos difíceis, de uma refeição por dia e do pão fiado da vendinha, mas logo sorriu, e agradeceu a Deus, e ao cuscuz, que salvou a família.
A produção do cuscuz de milho é menor, e é doce
Nos seus 66 anos, seu Luiz não tem tempo ruim. De segunda a sexta, às 13h, sai do Bom Parto até o Centro, a pé, com o carrinho. Estaciona em dois pontos: próximo a Marisa, às 14h00, e às 15h vai para Rua do Sol oferecendo cuscuz de arroz (salgado), o mais querido, e do milho (doce).
O alagoano, mesmo sem escrever e nem ler, se orgulha de ter aprendido o ofício com sua inteligência. Luiz e Hilda, com a fábrica de cuscuz no modesto quartinho no quintal, criaram os quatro filhos com direito a escola, já que eles não tiveram a oportunidade de frequentar sala de aula.
Cuscuz de arroz é soberano nas vendas
Rota Cuscuz de Arroz
Encomendas pelo telefone: (82) 98895-3941 (Rosilene)/ (82) 98817-0806 (Luiz)
Locais de vendas: próximo a Marisa, às 14h00, e às 15h na Rua do Sol próximo Astral Presentes
LEIA MAIS