Redação
O pequeno cuscuz de arroz e de milho embebido no leite de coco, preparado artesanalmente por Benedito Concorado de Lima, o famoso, Biu, é uma benção ao paladar de qualquer pessoa e não precisa de muito. Mas claro, nordestino que se preza arrocha manteiga, ovo, galinha ou carneiro guisado…. É uma verdadeira devoção a iguaria. Agora, para abocanhar o cuscuz do Biu, ligue para encomendar, chegue às 6h30 e às 16h15, pegue, pague e leve para o doce lar. E aviso logo, se não reservar não tem cuscuz, porque não sobra nenhum para contar história.
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Biu conta com o auxílio luxuoso de Arlindo e João, que também vendem a tradição de bicicleta pelos bairros de Maceió.
Biu, nosso patrimônio histórico, detém o saber e fazer do cuscuz artesanal
É uma linda história a do Biu, aos 73 anos, é o maior detentor do saber e fazer do cuscuz artesanal em Alagoas. O alagoano é o único que conheço, que produz a iguaria no antigo engenho de mais de 70 anos (herança da fábrica Nordeste), que moe arroz e milho em pó, além de possuir um fogão e formas para cuscuz que não se compra mais em lugar nenhum. O modo artesanal faz toda diferença do mercado. Existem similiares, mas são triturados em máquinas de moer carne.
Cuscuz de arroz, o meu predileto
Para ficar no capricho, o arroz fica por uma hora e meia de molho e depois passa por três lavagens. Em seguida, é triturado e peneirado. Já o de milho segue o mesmo processo, a diferença é que fica de molho por três horas em água quente. “O ponto da massa é o segredo”, diz Benedito. Com muita força nas mãos, ele modela a massa até o ponto final. Em seguida, coloca a massa nas forminhas e cobre com um pano branco molhado, para ser cozido no vapor. Quando sai do forno artesanal, ainda quentinho, leva um banho de leite de coco produzido da própria fruta.
“Comecei com 18 anos neste mesmo lugar. Eu era vendedor. Na época, era muito rojão com carrinho na mão, nem pegava transporte. Fazia a região do mercado e tinha fregueses certos, não sobrava um cuscuz”, lembra o simpático Biu, que era empregado do primeiro dono da fábrica Nordeste, o potiguar João Crispim Moraes.
A cuscuzeira artesanal é um mini bacia
A primeira reportagem sobre o Biu que eu fiz, foi publicada em 2010 em O Jornal, a segunda já saiu no meu blog em 2012. O cuscuz do Biu também está nas duas edições do Guia da Gastronomia Popular Alagoana e no livro Receitas das Alagoas, ambos de minha autoria.
Agora, os seus netos vão inscrever o cuscuz do Biu para concorrer como Registro do Patrimônio Vivo pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura. Já estou na torcida para que esta tradição seja reconhecida, como bem cultural e gastronômico de Alagoas.
Fogão artesanal do Cuscuz do Biu
Cuscuz do Biu
Preço: R$ 1,25 (cada)
De segunda a sábado, as 6h30 e as 16:15/ Encomendas pelo telefone: (82) 3327.9773
Endereço: Cristóvão Colombo, 59 – Jaraguá (atrás do Mercado do Jaraguá)
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