Dentista tinha passagem secreta dentro de armário para atender traficantes no Rio

Publicado em 21/09/2022, às 15h19
Porta de acesso a traficantes localizada dentro de armário de uma clínica odontológica na zona norte do Rio | Divulgação / Polícia Civil do Rio de Janeiro -

Bruna Fantti / Folhapress

A checagem de uma denúncia que apontava o funcionamento irregular de uma clínica odontológica, nesta terça (20), fez a polícia descobrir uma passagem secreta para atendimentos de criminosos fixados na favela Para-Pedro, no bairro Colégio, na zona norte do Rio de Janeiro. O dentista foi preso pela falta de registro da clínica nos órgãos sanitários.

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O acesso foi desvendado quando, ao perceber a aproximação de agentes da fiscalização, o dentista responsável correu para dentro de um armário do seu consultório e desapareceu do local. Ao abrirem um armário, policiais da Decon (Delegacia Especial de Crimes contra o Consumidor) encontraram uma outra porta que, por sua vez, dava acesso a um beco da favela. Os agentes conseguiram localizar o profissional pouco tempo depois e o prenderam.

A polícia não quis divulgar o seu nome, assim como o do advogado que o acompanhou na delegacia. Policiais, no entanto, afirmaram que o dentista contou ter retirado o registro profissional neste mês e que a porta "tratava-se de uma obra para facilitar a entrada e saída de traficantes da comunidade Para-Pedro para tratamentos dentários e evitar possíveis abordagens policiais", diz trecho do depoimento.

A prisão, em flagrante, ocorreu devido às condições insalubres da clínica. O atendimento a traficantes não é ilegal. Segundo a delegada Carina Bastos, titular da Decon, o dentista não possuía autorização da Vigilância Sanitária para funcionar, o que pode caracterizar crime contra as relações de consumo e saúde pública.

"Todos os instrumentos utilizados careciam de esterilização -existe uma pia específica para esse fim, e ele usava uma pia de cozinha. Por conta disso, foi preso. A possível relação dele com o tráfico poderá ser investigada", disse.

Representantes da Vigilância Sanitária e o CRO (Conselho Regional de Odontologia) também estiveram na fiscalização e confirmaram a falta de alvará da clínica. O dentista foi encaminhado ao sistema prisional e passará por audiência de custódia.

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