Discussão sobre reforma da previdência tem bate-boca e protestos na Câmara de SP

Publicado em 21/12/2018, às 18h43
Reprodução/Metropole -

Folhapress

A discussão da reforma da previdência municipal nesta sexta-feira (21), na Câmara Municipal de São Paulo, teve bate-boca áspero entre vereadores e críticas à estratégia da base de Bruno Covas (PSDB) de tentar votar o projeto às vésperas do Natal.

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A administração municipal quer aprovar projeto até o fim do ano. Por volta das 14h, foi iniciada audiência pública da comissão de administração pública da Câmara, última etapa pela qual o projeto de reforma da previdência precisa passar antes que possa ser votado pelos vereadores.

A galeria da Câmara, espaço destinado ao público, estava dividida entre servidores contrários à reforma, militantes do partido Novo e do PSDB, favoráveis à reforma.

Após gritos de "reforma é confisco" e "quem votar não volta", entre outros, a audiência foi interrompida devido à dificuldade de se ouvir o que era falado pelos participantes da audiência –entre eles, representantes da prefeitura, como o secretário da Fazenda, Philippe Duchateau.

O vereador Eduardo Suplicy (PT), então, pediu para que fosse feito silêncio, o que permitiu que as discussões fossem retomadas. Nos intervalos, no entanto, o clima ficou acalorado.

"A despesa da Previdência só não é menor do que educação e saúde. Já está quase duas vezes do que a gente gasta com transporte público", argumentou Duchateau.

Militantes do Novo e do PT trocaram acusações: "a culpa é de vocês" e "eu vim de graça", de um lado, e "fora, Itaú", "fora, capital financeiro" do outro.

As vereadores Sâmia Bomfim (PSOL) e Janaína Lima (Novo) discutiram asperamente fora dos microfones e quase chegaram às vias de fato. Após muita gritaria e dedos na cara, elas foram separadas pelo líder do PSDB na Câmara, o vereador Fábio Riva.

"[Queria] Lamentar que a gente faça isso na véspera do Natal, com muita gente de férias, que configura como golpe nos servidores", disse o vereador Antonio Donato, líder do PT na Câmara, quando obteve a palavra.

Por volta das 15h, membros do funcionalismo e sindicato fechavam o viaduto Jacareí, em frente à Câmara Municipal, nos dois sentidos. Em carros de som, manifestantes exigiam a retirada imediata do projeto da reforma da previdência. "19%, que tiro foi esse?", dizia um dos cartazes, fazendo referência à proposta de aumento da alíquota de contribuição dos servidores.

Os espaços vazios entre o público, em uma tarde de calor escaldante, faziam com que sindicalistas pedissem no alto-falante para que a categoria se mobilizasse e chamassem mais pessoas para pressionar os vereadores. Um vendedor ambulante que comercializava broches de figuras como Karl Marx e Che Guevara desistiu e acabou indo embora antes de o projeto chegar a ser votado. 

Professora de uma creche no Campo Limpo, na periferia da zona sul, Márcia Messias, 40, critica a proposta que "tira o pouco que já temos". "Estão fazendo uma estratégia de tentar aprovar o projeto de forma sorrateira", diz ela, que admite que a mobilização foi menor do que protestos anteriores.

Regina Costa, há cinco anos professora de escola municipal e cuja a idade é "segredo de estado", conta que estava entre os servidores que conseguiram fazer em março o então prefeito João Doria (PSDB) adiar a votação da reforma.

Dessa vez, porém, ela acredita que a estratégia de votar o projeto às vésperas de fim de ano pode surtir efeito. "Os professores estão mobilizados. Mas eles sabem que todo mundo marcou de viajar, ver a família. Quem marcou vai fazer como, se já pagou a passagem, por exemplo?", diz.

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