Do hobby à atividade rentável: artesanato reconfigura participação na cultura e economia de AL

Publicado em 19/03/2019, às 10h22
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Ascom Sedetur

Há quem diga que foi sorte ou até o destino, mas a verdade é que mesmo sem saber o que era arte e como viver dela, Jasson já era um artesão. Trabalhando na roça desde muito cedo, o alagoano, nascido e criado em Belo Monte, sempre esteve em contato com a madeira, que mais para frente iria se tornar sua grande aliada e fonte de inspiração. Mas antes, foi preciso um empurrãozinho para o ofício entrar de vez na sua vida e ele se firmar como um dos maiores nomes do artesanato alagoano.

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“Foi do nada. Uma pessoa que eu não conhecia me descobriu e me botou para fazer um casal de bonecos de madeira de 50 cm. Aquilo ali mudou a minha vida. Durante muitos anos ainda fiquei dividido entre a roça e o artesanato, até que no dia 9 de janeiro de 2018 me aparece outra pessoa que valorizou meu trabalho. Hoje consigo viver só das minhas peças e cada dia que trabalho me apaixono mais. Aprendi tudo sozinho, meu professor foi o mundo e continua sendo”, conta o artesão.

Com outros nomes, lugares e dons diferentes, a história de Jasson já se repetiu e continua acontecendo por muitas vezes. Seja pela descoberta de alguém ou pela tradição passada entre gerações na família, o artesanato tem conquistado um espaço representativo na cultura e economia de Alagoas. Pelas mãos dos artistas alagoanos, o ofício vai ganhando vida, individualidade e personalidade entre os mais variados setores produtivos.

Mais do que celebrar a data dedicada só para eles nesta terça-feira (19), o Dia do Artesão, os profissionais alagoanos tem motivo de sobra para comemorar. Marcado pela qualidade, variedade e miscigenação, a sua produção tem encontrado na pluralidade de tipologias um grande parceiro na consolidação do segmento para além da arte. Entre fibras, filés, cerâmica, bordados e madeira, as peças vão contando histórias e, principalmente, mantendo viva a identidade local do artesanato dentro e fora do Estado.

E se Alagoas é quase um resumo dos produtos que encontramos espalhados pelo país, o projeto Alagoas Feita à Mão, desenvolvido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur), tem concentrado o que existe de mais múltiplo do artesanato produzido ao longo dos diferentes municípios. A ideia é simples, mas transformadora: criar ações que promovam o segmento e contribuam para a geração de renda e qualidade de vida dos artistas locais.

A partir de uma estratégia de integração dos aglomerados produtivos, a Sedetur, por meio do programa Alagoas Feita à Mão, tem apostado nas participações de feiras e eventos nacionais, divulgação do catálogo comercial do artesanato alagoano, mapeamento e identificação das oficinas dos artesãos, além de comandar expedições ao longo dos municípios.

Uma das ações é o recém inaugurado Espaço Alagoas feita à Mão, localizado na área externa do Maceió Shopping. Pensado para celebrar o mês do artesão, o ambiente funciona, diariamente, até o dia 14 de abril,  das 14h às 22h, com exposição e vendas da produção artesanal local. Ao todo, participarão mais de 50 artesãos, cooperativas, associações e grupos produtivos.

Artesanato em números

Como resposta a estas estratégias, os resultados têm sido bem expressivos. De 2015 para cá, quando o projeto começou a ser disseminado, o número de profissionais registrados no Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (Sicab) chegou a 14.446, sendo que deste total 85% tem o ofício como renda principal da família.

Ao lado de Jasson, quem também integra esse grupo é Fabrício Dias Lima. Diferente do belo-montense, o artesanato esteve presente na sua vida desde que ele nasceu e se desenvolveu pelas experiências que tinha em casa com seu pai, o mestre artesão Aberaldo, um dos maiores representantes do setor em Alagoas. Não precisou de muito tempo para Fabrício transformar o que antes era brincadeira de criança em arte de verdade.

“Tudo começou com meu avô, que fazia canoas de tolda do Rio São Francisco. Foi então que meu pai aprendeu a produzir embarcações em miniatura e depois a esculpir bonecos em madeira. Isso já faz 34 anos, então eu nasci nesse meio. Desde criança já reinava junto com ele e depois de adolescente já passei a enxergar o artesanato como meu trabalho. Tá no sangue mesmo, não tem jeito!”, revela Fabrício.

Mas não é só o segmento artesanal que sai ganhando com a adesão do projeto Alagoas Feita à Mão. Sendo um dos componentes que integram a economia local e nacional, a comercialização do artesanato, apenas em Alagoas, cresceu 135% comparando os anos de 2015 e 2018, resultando em um total estimado de mais de R$ 2,7 milhões de vendas juntando os quatro anos, sendo 56 mil produtos comercializados nos cerca de 70 eventos realizados.

“Nosso fio condutor tem sido não só a valorização da arte popular em si, como também o resgate da autoestima dos profissionais envolvidos. A ideia tem sido criar atividades voltadas para este proposito, ao mesmo tempo em que impulsionamos a comercialização do artesanato, fazendo deste ofício um negócio. Ainda há muito a ser feito, mas os resultados só mostram que estamos no caminho certo”, ressalta a gerente de Design e Artesanato da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Daniela Vasconcelos. 

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