E se o maior problema da sua empresa for você, e não o seu colaborador?

Qual é o maior desafio de quem empreende?Oito em cada dez empreendedores talvez respondam: “gestão de pessoas”. Eu não julgo, porque me incluo nessa estatística.

Estamos vivendo um encontro geracional nas empresas, completamente desafiador aos líderes. São pessoas de 60 e 20 anos trabalhando nas mesmas equipes, com visões, demandas e motivações muitas vezes opostas. Por isso, compreender como liderar essas diferentes gerações é fundamental. 

Por outro lado, tenho visto muitos líderes completamente despreparados para aquilo que deveria ser sua prioridade: entender de gente. 

Claro, gerar resultados é parte do papel de qualquer liderança. Mas eu desconheço uma forma de alcançar metas sem pessoas. Não há empresas sem colaboradores, sem clientes, sem fornecedores. Toda transação nasce de uma relação humana.

Por isso, liderar é, antes de tudo, querer compreender o outro.

Peter Drucker já dizia, em 1954: “O desenvolvimento das pessoas deve ser o primeiro objetivo da gestão”. E, mesmo sendo considerado o maior guru da administração moderna, essa parte de suas obras ainda continua sendo solenemente ignorada por muitos empreendedores.

Tem muita empresa querendo contratar gente “pronta”: engajada, comprometida, responsável. Acreditam que um processo seletivo bem feito ou um dia de imersão na cultura e nas “regras” da empresa resolve tudo.

Mas motivação é um bicho complexo. Tem a ver com fatores externos — como reconhecimento, remuneração — e internos, como prazer em aprender, senso de propósito, autoestima, confiança. E, mesmo sendo algo pessoal, a liderança tem um impacto direto nisso tudo.

As pessoas podem até bater ponto, fazer o básico e cumprir as regras só pelo salário ou pelo medo das consequências. Mas entenda: o melhor delas, a entrega com alma, não vem por obrigação. Vem pela conexão, pelo pertencimento, pela construção de um ambiente que estimule o desenvolvimento. E essa cultura nasce de onde? Do líder.

Não importa se você tem uma equipe de duas ou cinquenta pessoas. Se você é líder, precisa entender que impacta a motivação do seu time. Líderes que buscam resultados além do esperado precisam construir ambientes de confiança baseados em respeito. Ambientes onde é possível errar, aprender e ser quem se é — sem medo. Quando há espaço para ser ouvido e confiança para se desenvolver, a motivação passa a ser um movimento natural. 

Elementos que sustentam a motivação:

1. Autonomia: dar liberdade para que as pessoas conduzam seu trabalho e tomem decisões é um dos caminhos mais eficazes para despertar a motivação de dentro pra fora.
2. Competência: reconhecer o que alguém faz bem e investir no seu desenvolvimento contínuo são formas de mostrar que você acredita no potencial daquela pessoa.
3. Relacionamentos: relações saudáveis e ambientes de confiança não apenas evitam conflitos desnecessários — eles criam o solo fértil onde a motivação cresce.
4. Propósito: quando o colaborador entende o porquê daquilo que faz e o impacto disso no coletivo, ele trabalha com mais alma e menos obrigação.
5. Reconhecimento: reconhecer o esforço, mesmo nas pequenas vitórias, é como acender luzes no caminho — a pessoa passa a acreditar que está indo na direção certa.

Tudo isso influencia diretamente no quanto alguém entrega ou se entrega. Por isso, o papel do líder é inspirar, apoiar, ensinar e evoluir junto.

Então, da próxima vez que algo não andar bem na sua equipe, antes de culpar o colaborador, o mercado, o perfil da nova geração… respire fundo. E pergunte com sinceridade: Será que o maior problema da sua empresa... não é você?

Qual o seu maior desafio em liderar pessoas? Me conta aqui.