Edifício feito de blocos leva 100 dias para ficar pronto em Santa Catarina

Publicado em 27/05/2021, às 19h30
Mayara Goulart Lima / Divulgação -

Folhapress

Um prédio comercial de oito andares em Tubarão (SC) foi totalmente construído em apenas 100 dias, incluindo o acabamento interno.

LEIA TAMBÉM

Isso foi possível porque o método de construção do edifício passou longe do canteiro de obras tradicional. O prédio foi criado em blocos, dentro de um galpão de fábrica, que depois foram transportados até o local definitivo. Ali, guindastes fizeram a montagem, como em um jogo de Lego.

A tecnologia é da empresa Brasil ao Cubo, também de Tubarão, que faz construção modular off-site usando estruturas de aço. O edifício comercial, chamado Level, foi o primeiro prédio feito pela companhia, que já tem mais de 150 empreendimentos térreos, incluindo sete hospitais construídos durante a pandemia de Covid-19.

Ricardo Mateus, fundador da Brasil ao Cubo, conta que há no mundo prédios de até 30 andares com essa tecnologia, mas que no Brasil os edifícios deverão chegar a apenas 15 -a limitação não são os blocos de metal, mas os guindastes necessários para a montagem no canteiro de obras.

Os blocos já saem de fábrica prontos, com encanamento, instalações elétricas, porcelanato, vidro e esquadrias.

Em 2020, a empresa fez obras em 14 estados do país, e todos os blocos saíram da fábrica em Santa Catarina.

"Fizemos inclusive um hospital em Porto Velho [RO]. Foram 40 carretas que percorreram 3.700 quilômetros, e a obra ficou pronta em 30 dias", afirma Mateus. "A questão geográfica não é um empecilho."

A construção modular adotada pela Brasil ao Cubo é, em média, seis vezes mais rápida do que uma obra comum. Outra vantagem é ecológica: não se usa água no canteiro de obras, e a geração de resíduos é dez vezes menor do que no modelo tradicional.

Segundo Mateus, as edificações da empresa são cerca de 15% mais caras do que uma obra convencional. Isso deve mudar com os planos de construção de uma nova fábrica, ainda sem data prevista, que dará maior escala à produção e ajudará a reduzir os custos.

Por enquanto, o próximo objetivo é criar na fábrica um prédio residencial, que deverá ter 12 andares. O Level, que vai abrigar o escritório da empresa nos últimos dois andares, já está pronto e será inaugurado Esse tipo de construção não é novidade, mas ainda enfrenta resistência cultural no Brasil, explica a arquiteta e professora do curso de Engenharia Civil da Universidade Mackenzie em Campinas (SP), Larissa Ferrer Branco.

"Existe um certo conservadorismo na indústria da construção civil, muito relacionado à popularidade do concreto armado", afirma. Outros fatores são o desconhecimento sobre o método e a necessidade de profissionais especializados para a montagem.

Ferrer Branco destaca que esse tipo de obra permite que diversas etapas da construção ocorram de forma simultânea e precisa, o que evita desperdícios e retrabalho, e sem interferência das condições climáticas.

A siderúrgica Gerdau comprou 33% da companhia no ano passado, por R$ 60 milhões, o que tem ajudado no crescimento da Brasil ao Cubo, que fechou 2020 com R$ 200 milhões em vendas. Para este ano, a expectativa é atingir os R$ 300 milhões.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Líder do PL na Câmara dos Deputados nega desvios de verbas Protótipo de carro voador produzido no Brasil faz primeiro voo Polícia prende segundo homem envolvido no roubo de obras de arte em SP Polícia Federal mira deputados em operação que apura desvio de cotas parlamentares