João Victor Souza e Ana Carla Vieira
O julgamento de Albino dos Santos, ex-carcereiro acusado de ser o Serial Killer de Maceió, teve um momento de forte comoção nesta quinta-feira (31), com o depoimento da mãe de Ana Clara Santos Lima, adolescente assassinada em agosto de 2024. Esta é a terceira vez que o réu enfrenta o júri popular. Ele responde por 18 homicídios e duas tentativas de assassinato cometidas em diferentes bairros da capital alagoana.
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O júri é presidido pelo juiz Yulli Roter, titular da 7ª Vara Criminal de Maceió, e começou com o depoimento do dono da casa que foi invadida pelo réu na noite do crime. Ana Clara foi morta no bairro Vergel do Lago.
"Era meu tudo", diz mãe da vítima
Piedade dos Santos, mãe de Ana Clara, deu um depoimento carregado de dor. Vendedora ambulante, ela contou que a filha era sua companheira inseparável no trabalho e em casa.
Era minha companheira, me ajudava muito no trabalho. Era meu tudo, minha vida. Tudo que eu tinha era ela. Agora não tenho mais. Eu quero Justiça, só isso", disse, emocionada.
Ela relembrou os momentos de desespero ao chegar em casa na noite do crime e se deparar com a movimentação da polícia e do Samu.
Todo dia quando ela saía, eu ligava pra ela, pra perguntar se estava vindo. Nesse dia chovia muito. Estava dando um negócio em mim. Quando passou a chuva, peguei meu carrinho e fui pra casa. No momento que estava chegando, vi a polícia e o Samu na porta. Me deu 'um gelado'. Todo mundo olhando pra mim. E eu pensando: o que está acontecendo?”
Segundo Piedade, foi por meio da imprensa que descobriu quem era o autor do crime.
O policial perguntou se eu era mãe da Ana Clara. Disse que ela tinha morrido e não deixou eu ver a minha filha. Eu só vi os pezinhos dela”, relatou, com a voz embargada.
Amiga conta que jovem deixou arena e seguiu sozinha pra casa
Uma das testemunhas ouvidas foi Emilly Vitória, que estava com Ana Clara na arena esportiva onde elas assistiam a jogos momentos antes do crime. Ela afirmou que nada de anormal foi percebido no local.
Ela e minha prima são muito amigas e ficaram assistindo ao jogo, normal, quando foi no final. Eu voltei pra casa com meu marido, e elas ficaram. Não vimos nenhum homem mexendo com elas lá na arena”, contou Emilly.
A jovem também destacou o comportamento discreto de Ana Clara:
Ela não dava liberdade pra ninguém. Só soube do crime pela imprensa. A minha prima no outro dia só disse que a Ana Clara seguiu pra casa.”
O julgamento de Albino dos Santos deve continuar ao longo do dia, com depoimentos de outras testemunhas e o interrogatório do réu. A expectativa é de que o júri avance até a noite.
Testemunha relata últimos momentos da adolescente
João Vitor Rodrigues era morador da casa invadida por vítima e assassino durante a perseguição. Ele lembrou ter ouvido dois disparos depois que Albino apontou a arma para a vítima.
Quando ela empurrou a porta, já foi pedindo socorro. Aí já foi entrando no quarto. A única coisa que vi foi um vulto escuro [seria o Albino]. Não consegui reconhecê-lo. Pelo que ouvi, foram dois tiros, mas não sei se foram mais. Pq os barulhos ficaram zunindo no meu ouvido. E eu também estava desesperado com minha esposa e meu filho. Ele atirou na presença do meu filho. Meu menino ficou com trauma por causa disso".
Ele também disse que precisou mudar de endereço porque a família não suporta mais viver no mesmo ambiente onde aconteceu o crime bárbaro contra a adolescente.
Não voltei a morar mais na casa. Não dá! Passei por dificuldades, mas Deus está aí. Estou conquistando minhas coisas de novo, mas estou morando em outro local. Pela saúde psicológica do meu filho e da minha esposa. Ela ficou muito abalada também".
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