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O atestado de antecedentes criminais usado por Elize Matsunaga, para que ela pudesse trabalhar em Sorocaba (SP), apresenta três adulterações. A informação foi detalhada pela Polícia Civil nesta terça-feira (28).
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Elize foi condenada por matar e esquartejar o marido em 2012. Agora, ela responde também pelo crime de uso de documento falso.
O documento tinha mudanças no QR Code, na assinatura digital alfanumérica e no nome da pessoa a qual o documento pertencia e que não possuía registro de antecedentes.
“Ela pegou o atestado de um colega dela, da empresa, sobrepôs o nome dele aqui em cima”, explicou o delegado Acácio Leite, ao tratar do caso. “Deu uma borradinha aqui, no QR Code. E suprimiu dois números do alfanumérico”, conta.
“Nesses documentos que nós apreendemos, enviados para a perícia, foi feita a comprovação com material óptico adequado. A perícia nos ofertou um laudo dizendo que o atestado apresentado por ela realmente é falso. Até certo ponto, é uma cópia mal feita do verdadeiro. Para nós, a partir desse momento, está caracterizado o uso de documento falso”, lembrou.
O delegado também explicou que Elize Matsunaga usou no documento o nome de solteira, Elize Araújo Giacomini.
Função do documento - Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), o atestado de antecedentes criminais é um documento fornecido no estado pelo Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD).
Esse documento tem como objetivo informar a existência ou a inexistência de registro de antecedentes criminais. Ele apresenta a situação do cidadão no exato momento da pesquisa.
Ainda conforme a SSP, ele não apresenta a ficha pessoal do cidadão. “Somente disponibiliza uma resposta negativa ou positiva quanto a possíveis pendências jurídico-criminais atuais.” O documento tem validade de 90 dias.
O g1 apurou que Elize, em 12 de dezembro de 2022, teve o pedido deferido para mudança de endereço. Isso teria ocorrido porque ela fixou residência em Sorocaba. Na decisão, houve a determinação para que autos fossem remetidos à Vara de Execuções Criminais da cidade.
O sistema do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, no entanto, ainda mostra a execução como sendo na cidade de Franca. O TJ não comentou a questão.
Indiciamento em Sorocaba - Elize Matsunaga está sendo investigada por usar um documento de terceiros para tentar limpar a ficha criminal dela para um trabalho em um condomínio em Sorocaba, no interior de São Paulo.
"Ela é uma pessoa nacionalmente conhecida. O nome dela gera um conhecimento, um impacto. Ela usou desse artifício, sim, para tentar burlar a fiscalização, para burlar o controle de acesso desse condomínio", afirmou o delegado Acácio Leite durante coletiva de imprensa, onde apresentou detalhes da investigação sobre o caso.
A defesa nega a adulteração do documento e, em depoimento, Elize disse que foi a empresa onde ela trabalhava que falsificou o atestado de antecedentes (leia mais abaixo).
Elize cumpre liberdade condicional desde maio do ano passado e foi detida em Sorocaba nesta segunda-feira (27).
Segundo a polícia, o carro dela foi monitorado quando ela deixou Franca (SP), cidade onde atualmente mora e trabalha como motorista de aplicativo, e abordado quando acessou a Avenida Dom Aguirre. Na delegacia, ela foi informada de que estava sendo indiciada por uso de documentos falsos.
"Ela está a muito nervosa, sem saber o que estava acontecendo. Nem o carro dela ela tinha condições de dirigir", disse o delegado.
Elize foi levada ao 8º Distrito Policial, onde disse, em depoimento, que foi a empresa onde ela trabalhava que falsificou o atestado de antecedentes criminais dela, para que ela pudesse ingressar em um dos condomínios para o qual prestava serviço.
Mesmo assim, o delegado informou que Elize será investigada pelo crime e que a empresa onde ela trabalhava em Sorocaba ainda não foi ouvida pelos policiais.
Segundo a polícia, o crime de uso de documentos falsos não cabe prisão e o juiz de Execuções é quem vai definir o futuro da ex-detenta.
Emprego em Sorocaba - Conforme apurado pelo g1, no final do ano passado, Elize participou de um processo de contratação para uma empresa que atua em condomínios de Sorocaba.
De acordo com a investigação, Elize teria alterado os dados do documento de outro funcionário e o utilizado para ingressar em um dos condomínios onde prestava serviço, na região do bairro Wanel Ville, na zona oeste de Sorocaba.
Durante a operação nesta segunda-feira (27), dois atestados foram apreendidos e encaminhados para perícia. Após a perícia, ela poderá ser chamada novamente para depor.
De acordo com o delegado, Elize ficou por pelo menos dois meses em Sorocaba. Ela trabalhava na supervisão e contato com moradores em uma empresa de pintura, como "uma espécie de gerente", e passou por pelo menos cinco condomínios em várias regiões da cidade.
Ainda segundo a Polícia Civil, Elize escolheu Sorocaba para trabalhar porque tem pessoas conhecidas na cidade, desde quando estava presa. No entanto, o quarto onde ela morava na cidade já está desocupado e a residência de Elize oficial, atualmente, é em Franca.
O que diz a defesa - Ao g1, o advogado de Elize, Luciano Santoro, manteve a versão da cliente, negando o uso de documento falso.
"Nem teria qualquer motivo para tanto, já que seu processo não transitou em julgado e ela poderia ter a certidão de antecedentes sem apontamentos", explica.
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