'Enem não é para polemizar', diz ministro sobre falta de questões sobre ditadura

Publicado em 04/11/2019, às 08h12
Abraham Weintraub | MEC -

Folhapress

Ao comentar a ausência de questões no Enem sobre a ditadura militar (1964-1985), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que o objetivo da prova "não é dividir, nem polemizar, nem doutrinar".

LEIA TAMBÉM

Levantamento feito pela Folha de S.Paulo mostrou que a primeira edição do Enem sob o governo Jair Bolsonaro (PSL) foi também a primeira em ao menos dez anos que não trouxe nenhuma questão relativa à ditadura nas provas de ciências humanas e linguagens.

"A gente já pode começar falando em regime militar, ditadura militar. Essa é uma discussão que eu acho que a gente não vai caminhar para nenhum lugar", respondeu o ministro ao ser questionado sobre o assunto.

Weintraub afirma que, antes da realização da prova, não teve acesso a nenhuma questão. "E se não caiu [questões sobre a ditadura militar], eu não participei das escolhas das questões".

Em linha com o discurso do ministro, o presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), Alexandre Lopes, declarou que a prova buscou cobrir toda a base curricular do Ensino Médio sem gerar polêmicas.

Neste domingo (3), os pouco mais 5 milhões de inscritos tiveram de responder a 90 questões distribuídas entre as áreas de linguagens (língua portuguesa, inglês ou espanhol e literatura), geografia, história, e uma redação cujo tema foi "Democratização do acesso ao cinema no Brasil".

Cerca de 3,9 milhões compareceram ao local de prova. A abstenção de 23%, segundo o ministro, foi a menor da história. Há registro de 376 pessoas eliminadas, por exemplo, por problemas de comportamento e por se recusar a fazer a análise biométrica. "Foi muito tranquilo. Eu esperava até mais probleminhas operacionais", disse Weintraub.

A segunda etapa do Enem ocorrerá no próximo domingo (10). A expectativa do governo é que a abstenção continue baixa. A Polícia Federal está ainda apurando o vazamento de uma imagem da prova do Enem. Uma pessoa que aplicava a prova é suspeita de ter cometido o ilícito, mas o ainda não foi divulgado o nome do acusado.

O ministro disse que fará o possível para punir o responsável. "O que a gente vai tentar é escangalhar ao máximo a vida dele. Eu sou a favor, sempre, que a pessoa que é um transgressor pague o preço da transgressão dela. Eu sou uma pessoa que acha que as punições no Brasil são leves", declarou Weintraub. E completou: "Vamos atrás dele. Não estamos mais no império romano. Não existe mais empalamento nem crucificação".

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Matrícula online para estudantes novatos da rede estadual inicia nesta segunda (08) Uneal abre seleção para portadores de diploma com ingresso em 2026 Alagoas tem maior taxa de analfabetismo do país; Maceió lidera entre as capitais Provas de seleção para cinco cursos do Ifal são anuladas; entenda