Ensino integral fortalece aprendizagem e ajuda estudantes da rede estadual no Enem

Publicado em 03/02/2018, às 09h02

Redação

Implementado pela rede estadual de ensino em 2015, o ensino integral tem trazido um novo olhar para o nível médio nas escolas públicas alagoanas. Os alunos inseridos nessa modalidade participam de uma jornada ampliada de estudos e um maior leque de aprendizagens e projetos que visam expandir seu conhecimento. Nesse contexto, alunos da rede estadual encontraram o apoio necessário para realizar um sonho: a aprovação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e a conquista de vagas em cursos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e outras faculdades e universidades.

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Pioneira na oferta do ensino integral na rede estadual alagoana, a Escola Estadual Marcos Antônio, no complexo Benedito Bentes, comemora os resultados do Enem 2017, com alunos aprovados em cursos como Engenharia de Energia Renováveis, Relações Públicas, Meteorologia, Agronomia. O primeiro lugar em Psicologia também é da escola.

Para a diretora-geral, Adenilma Brandão, o principal diferencial do ensino em tempo integral é a oportunidade de professores de acompanharem de perto as dúvidas de cada aluno.  "Além de aulões aos sábados, os alunos podiam ser acompanhados de perto pelos professores e tirar dúvidas por meio do estudo orientado. Isso fez diferença na aprovação", avaliou a gestora.

Ambiente favorável

O primeiro lugar em Psicologia, Laura Feliciano, saiu de uma escola particular para cursar o ensino médio na Escola Marcos Antônio. Segundo ela, as boas indicações e o ensino em regime integral influenciaram sua família a matriculá-la na rede estadual. "O apoio dos professores daqui foi essencial na minha aprovação", afirmou.

Seus pais, Roberto Vasconcelos e Nadeje Feliciano, também são só elogios à instituição. "Colocamos nossa filha aqui porque percebemos que era uma escola dedicada aos alunos. Estamos orgulhosos dela", afirmam.

Os alunos Cristian Emanuel Silva, Allyson Rodrigo Silva, Aluísio Baracho e Dayene Maria de Brito, foram aprovados, respectivamente, em Psicologia, Agronomia, Engenharia de Energia Renováveis e Meteorologia. Eles ressaltaram que passar onze horas por dia no ambiente escolar foi essencial para aprovação.

"A gente aproveitava o tempo que o ensino integral nos proporcionava para estudar durante o dia. A estrutura da escola também ajudou. Estudamos muito na biblioteca e usamos a internet daqui para acessar sites de exercícios no estilo da prova do Enem", contou o aluno Cristian.

Os estudantes também destacaram que o temido tema da redação do Enem 2017, sobre a formação educacional de surdos no Brasil, não os assustou. De acordo com eles, aulão preparatório realizado por meio de parceria entre Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Faculdade Cesmac e Clube do Fera, no Cepa, adiantou e discutiu o tema alguns dias antes da prova.

Teoria e prática

Com 18 alunos aprovados de primeira na Ufal, Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e faculdades particulares, a Escola José Aprígio Brandão Vilela, de Teotônio Vilela, também é um exemplo de sucesso do ensino integral. Além do conteúdo regular, os alunos enriqueceram seu aprendizado em atividades como os Projetos Integradores e as disciplinas eletivas.

Aprovada em Biomedicina na Unit e na lista de espera de Medicina Veterinária pela Ufal, Maria Eduarda Rosendo, diz que o ensino integral teve um importante na sua aprovação. “Nas eletivas, nós nos descobrimos. Na minha eletiva de Biologia Interativa descobri a minha paixão pela Biologia”, confessa a garota.

Sua colega Isabel Cristina Lopes, 1º lugar em Biologia na Ufal de Arapiraca como cotista e na lista de espera de Nutrição, conta que as aulas teóricas também ajudaram na hora da prova. “Os professores estavam sempre falando do Enem, fizemos muitos simulados. Quando me deparei com a prova, vi que muitas daquelas questões eu tinha visto na escola”, recorda a garota.

Aprendizado para a vida

Exultante com o desempenho dos alunos da instituição, a diretora da EJAV, Leda Regina Santos, fala das vantagens trazidas pela modalidade. “O ensino integral traz aprendizados tanto científicos como para a vida. Essa decisão do Governo de Alagoas de implantar essa modalidade na rede estadual de ensino promoveu um resgate e já está dando resultados. Estamos muito felizes com a conquista de nossos alunos, consequência de um trabalho comprometido de toda a equipe”, fala.

Os estudantes Remyalisson José Batista, 1º lugar em Geografia como cotista da Ufal Maceió e Sílvio Henrique da Silva Pinto, 5º lugar como cotista em Matemática na Ufal Arapiraca, afirmam que o modelo de ensino integral cria vínculos similares a uma família entre alunos e escola. “Mesmo quando tínhamos aula vaga, fazíamos questão de aula. Somos uma grande família e todos esperamos voltar um dia como professores”, declaram.

A unidade também foi uma família e impulsionou uma transformação na vida de José Alessandro da Silva. O garoto, que vende frutas nas ruas de Teotônio Vilela com o pai Antônio, é aluno do turno noturno da escola, foi aprovado em Matemática na Uneal e está na lista de espera da Ufal. “A escola criou um pré-Enem que funcionava duas vezes por semana e ajudou muito quem estudava à noite. Sou a segunda pessoa da minha família a chegar a um curso superior e estou muito feliz”, revela o rapaz.

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