Estudante brasileira é morta a tiros na Nicarágua

Publicado em 24/07/2018, às 14h09

Redação


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Uma estudante brasileira foi assassinada a tiros na noite de segunda-feira (23) na Nicarágua, vítima de “um grupo de paramilitares” no sul da capital Manágua, segundo informou nesta terça-feira (24) o reitor da Universidade Americana (UAM), Ernesto Medina.

Raynéia Gabrielle Lima, de 31 anos, estudante do sexto ano de Medicina na instituição, morreu com “um tiro no peito que afetou o coração, o diafragma e parte do fígado”, disse o reitor ao canal 12 da televisão local.

O assassinato ocorre em meio a uma crise política no país, instaurada desde abril, quando começaram as manifestações contra a Reforma da Previdência proposta pelo governo de Daniel Ortega. O projeto foi abandonado, mas, mesmo assim, os protestos continuaram para pedir a renúncia do presidente, que está há 11 anos no poder e acumula acusações de corrupção e abuso de poder.

Os últimos relatórios de organizações humanitárias locais e internacionais apontam que a repressão governamental aos protestos já deixou mais de 351 mortos, mas o número foi divulgado há duas semanas e já está desatualizado.

“É preciso dizer isso, paramilitares que estavam na casa de Chico (Francisco) López foram os que dispararam [contra Raynéia]”, disse o presidente.

López é o tesoureiro do partido governante, Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), e até pouco tempo atrás gerente de duas grandes empresas estatais relacionadas com o petróleo e o setor construção. Ele foi acusado pelo Global Magnitsky Act, uma organização dos Estados Unidos, de graves violações aos direitos humanos.

A brasileira morava na mesma área que López, uma região ao sul da capital nicaraguense. “As forças paramilitares sentem que têm carta branca, ninguém vai dizer nada a eles, ninguém vai fazer nada, [enquanto] eles andam sequestrando e matando”, denunciou o reitor.

“Paz de mentira”

O assassinato de Raynéia ocorreu horas depois de Medina participar de um fórum no qual disse que o crescimento econômico e a segurança na Nicarágua antes da explosão dos protestos contra Ortega “era parte de uma farsa”, porque “nunca houve um plano que acabasse com a pobreza e a injustiça”.

“A morte dessa moça é um sinal do que está acontecendo na Nicarágua e contradiz o que Ortega disse [em entrevista à emissora americana Fox News], que tudo está normal, é uma paz de mentira, há paramilitares por todos lados”, argumentou o reitor.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) responsabilizaram o governo da Nicarágua por “assassinatos, execuções extrajudiciais, maus tratos, possíveis atos de tortura e prisões arbitrárias”.

A Nicarágua está imersa na crise mais sangrenta da história do país em tempos de paz e a mais forte desde a década de 80, quando Ortega também foi presidente (1985-1990).


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