Redação
No dia em que o Grupo Odebrecht foi alvo de mais uma fase da operação Lava Jato, da Polícia Federal, os principais executivos da empresa, inclusive o ex-presidente do grupo empresarial, Marcelo Odebrecht, aceitaram fazer um acordo de delação premiada, ainda assim, o acordo não foi confirmado pela força-tarefa que cuida da investigação.
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A empresa foi autorizada pelo Ministério Público Federal a enviar uma nota sobre o assunto, mas o órgão afirmou que "não fez acordo com a Odebrecht ou seus executivos". "Qualquer acordo, neste momento, será restrito às pessoas que vierem antes e cuja colaboração se revelar mais importante ao interesse público", diz o órgão.
A investigação garante ter identificado um departamento de pagamento de propina que funcionava dentro da empresa. Motivo pelo qual as delações dos executivos do grupo possam ser fundamentais as investigações, principalmente se a relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ficar comprovada.
Marcelo Odebrecht está preso desde junho do ano passado. De acordo com o Jornal Folha de São Paulo, os outros executivos que tem interesse de fazer a delação premiada são: Márcio Faria e Rogério Araújo, ainda presos, e Cesar Ramos e Alexandrino Alencar, que estão em liberdade.
A nota do grupo, divulgada ontem (22), negava ter participado do esquema de pagamento de propina em contratos com a Petrobras, mas assumia o pagamento de propina para obter contratos. Veja íntegra da nota da Odebrecht:
“As avaliações e reflexões levadas a efeito por nossos acionistas e executivos levaram a Odebrecht a decidir por uma colaboração definitiva com as investigações da Operação Lava Jato.
A empresa, que identificou a necessidade de implantar melhorias em suas práticas, vem mantendo contato com as autoridades com o objetivo de colaborar com as investigações, além da iniciativa de leniência já adotada em dezembro junto à Controladoria Geral da União.
Esperamos que os esclarecimentos da colaboração contribuam significativamente com a Justiça brasileira e com a construção de um Brasil melhor.
Na mesma direção, seguimos aperfeiçoando nosso sistema de conformidade e nosso modelo de governança; estamos em processo avançado de adesão ao Pacto Global, da ONU, que visa mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção, em suas práticas de negócios, de valores reconhecidos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção; estabelecemos metas de conformidade para que nossos negócios se enquadrarem como Empresa Pró-Ética (da CGU), iniciativa que incentiva as empresas a implantarem medidas de prevenção e combate à corrupção e outros tipos de fraudes. Vamos, também, adotar novas práticas de relacionamento com a esfera pública.
Apesar de todas as dificuldades e da consciência de não termos responsabilidade dominante sobre os fatos apurados na Operação Lava Jato - que revela na verdade a existência de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país - seguimos acreditando no Brasil.
Ao contribuir com o aprimoramento do contexto institucional, a Odebrecht olha para si e procura evoluir, mirando o futuro. Entendemos nossa responsabilidade social e econômica, e iremos cumprir nossos contratos e manter seus investimentos. Assim, poderemos preservar os empregos diretos e indiretos que geramos e prosseguir no papel de agente econômico relevante, de forma responsável e sustentável.
Em respeito aos nossos mais de 130 mil integrantes, alguns deles tantas vezes injustamente retratados, às suas famílias, aos nossos clientes, às comunidades em que atuamos, aos nossos parceiros e à sociedade em geral, manifestamos nosso compromisso com o país. São 72 anos de história e sabemos que temos que avançar por meio de ações práticas, do diálogo e da transparência.
Nosso compromisso é o de evoluir com o Brasil e para o Brasil”.
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