Ex-catador de latas é selecionado para estudar em Harvard

Publicado em 28/09/2018, às 09h20
Reprodução / Facebook -

Redação

O professor Ciswal Santos, de 31 anos, entrou na faculdade aos 16 anos e chegou a catar latinhas de cerveja em bates de Juazeiro do Norte, no Ceará, para comprar os materiais necessários para o curso. Hoje, ele foi selecionado para estudar na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, uma das mais tradicionais do mundo.

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“Sou filho de uma faxineira. Minha mãe, Valdenora, sempre trabalhou para nos dar comida. Só que precisava de dinheiro para comprar materiais, farda e xerox de apostilas, pois não tinha como comprar livros”, relembrou Ciswal.

O ex-catador e hoje professor de Ciências da Computação, vai estudar para desenvolver o projeto que pode gerar energia solar de forma sustentável com um aparelho que deve custar um pouco mais de um salário mínimo.

O projeto

O aparelho a ser desenvolvido tem um orçamento avaliado em cerca de R$2,2 mil. Ciswal explica que ainda não é o preço que ele deseja e que ainda pretende reduzir este valor.

“Já tive contato com pessoas que desenvolvem tecnologia asiática, que está bem a nossa frente, e podemos fazer uso dessa tecnologia para reduzir o custo do equipamento para R$ 1,2 mil”, revelou o professor.

A ideia é que a ferramenta supra energia para iluminação e muitos equipamentos. “Ele só não sustenta motores mais potentes, como os de geladeira e máquina de lavar”, explicou.

Durante essa etapa do projeto, explica Ciswal, ele não pode receber nenhum financiamento privado para criar a máquina de energia solar. "Pela política da Universidade de Harvard, ainda não pode receber valor de empresa privada, é contra os valores deles", completa Ciswal.

Ele vai receber aulas on-line de professores de Harvard por 18 meses, com a possibilidade de estender o período letivo por mais 18 meses, e a partir daí angariar recursos públicos e privados para criar o equipamento de energia solar sustentável.

Tragetória difícil

“Comecei a trabalhar em um mercantil ganhando R$20 por semana, porém às vezes nem recebia, pois levava comida do mercantil para casa e era descontado", contou Ciswal que teve que trabalhar presado, acordando cedo e catando latinhas depois das aulas.

"Como o dinheiro era pouco, vi no lixo a oportunidade de suprir minha necessidade e minha vontade de estudar. Quando eu saía da faculdade à noite, andava pelos bares de Juazeiro do Norte catando latinhas de cerveja para vender no quilo, isso eu ainda fardado", lembra o professor.

Ele contou ainda que a vontade de desistir foi grande, mas que recebeu apoio de onde menos esperava. . "Me senti um nada e chorei. Contei ao proprietário do comércio o motivo, ele colocou a mão no meu ombro e disse que eu não precisava me envergonhar e que eu não fosse mais lá tão tarde e usasse esse tempo para estudar”, comenta.

“Ele falou que guardaria essas latinhas para eu pegar pela manhã", diz o professor, "assim eu me formei, graças a esse anjo e às latinhas de cervejas que peguei no lixo", finaliza.

Fonte: Diário do Nordeste

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