Fraude, ameaça e deboche: investigada por comprar distintivos da polícia de SP é modelo alagoana

Publicado em 07/11/2025, às 10h45
- Reprodução/Instagram

Pedro Acioli*

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"Depois do meu distintivo vai ser só carteirada e glockada". A mensagem em tom de ameaça foi feita por Renata Schözen, uma modelo alagoana investigada por falsificar uma decisão judicial para comprar distintivos da Polícia Civil de São Paulo. O termo "Glockada" é uma referência à pistola da marca Glock. 

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Renata foi alvo de um mandado de busca e apreensão no mês de outubro, no bairro da Jatiúca, em Maceió. Ela tem 30 anos e acumula quase 20 mil seguidores em uma rede social.

Modelo e produtora de conteúdo de uma plataforma de vídeos ao vivo, a mulher também se apresenta como bacharela em Direito. Em um perfil na internet, ela chegou a colocar na biografia que faz parte da Polícia Civil de São Paulo, porém os investigadores descobriram que a informação não procede. 

Os policiais apuraram que Renata prestou um concurso para ser investigadora em São Paulo, porém foi reprovada na prova oral. Com a negativa, ela fraudou uma liminar da Justiça com o benefício de ter e usar um distintivo da corporação. 

A investigação apontou que Renata comprou ao menos três distintivos de uma empresa que fornece o equipamento para a Polícia Civil. O dono do estabelecimento descobriu a adulteração e chegou a pedir a devolução dos produtos, mas ela se negou. Em seguida, o homem denunciou o caso na Delegacia de Polícia Civil de Guarulhos e a mulher passou a ser investigada por falsidade ideológica. 

Ameaças

Em vídeo publicado no perfil dela nas redes sociais, Renata fez ameaças sem direcionar a alguém específico, e contou que andaria com o distintivo e com uma arma. “Depois que eu estiver com minha Glock, aí a conversa vai ser outra, entendeu? Depois do meu distintivo vai ser só carteirada e 'glockada'. Vou logo avisando”, afirmou. 

O delegado Halisson Ideial, responsável pela investigação, revelou que Renata também passou a proferir ameaças contra candidatos do concurso. “Ela alegou [aos candidatos] que usaria o distintivo e a arma logo após tomar posse supostamente nesse concurso”, contou a autoridade policial. 

Debochou de intimação

Renata já deveria ter prestado depoimento em São Paulo, porém ela gravou um novo vídeo para debochar da polícia, alegando que não há necessidade de depor em outro estado e dizendo que teria que ter as passagens pagas. 

“Recebi uma intimação hoje às 6 horas para comparecer amanhã em Guarulhos às 11 horas da manhã. Como se eu moro em outro estado? Assim né meu amor, vai pagar minha passagem? Não, né? Então, espera sentado aí.”

“Vou ficar devendo viu?! Alguém vai querer levantar uma vaquinha para eu poder ir lá? Resolver esse BO”, disse em outro vídeo dando risadas. 

A mulher também zombou de uma intimação judicial que recebeu anteriormente em um aplicativo de mensagens. 

“Olha que podre. É um número pessoal, não é nem institucional da primeira DP de Guarulhos. Com essa foto porca, não dá para ver, mas está toda lascada, nem enquadrada. Me manda p#$$4 de intimação”. 

Na última semana, a modelo continuou brincando com o caso. Ela fez uma montagem com o rosto dela e roupas de detentas, usando Inteligência Artificial, e colocou na legenda: “Detida por amar demais”. Confira: 

Investigações continuam 

A polícia investiga se a modelo agiu sozinha na falsificação do documento do Tribunal de Justiça de São Paulo, e não está descartada a participação de outros envolvidos na fraude. 

Além dos distintivos recuperados, também estava com Renata uma pequena porção de maconha. O celular dela foi apreendido, passou por uma perícia e o resultado da análise poderá contribuir com a apuração policial.

“O celular também vai ser importante para que a gente busque essas informações e confirmar se foi uma fraude realizada apenas pela necessidade ou vontade de ter um artigo policial, ou se tem algo a mais, até outros crimes”, contou o delegado. 

O que diz a defesa

O TNH1 procurou a defesa de Renata Schözen, que respondeu por meio de nota. A defesa alegou que a mulher tem colaborado com a investigação e atravessa um quadro delicado de saúde, com tratamento em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), na capital alagoana.

Além disso, destacou que Renata não teve o objetivo de causar prejuízo ou enganar as pessoas. Leia na íntegra abaixo.

A defesa de Renata Schözen de Sousa Jerônimo informa que ela tem colaborado integralmente com as autoridades competentes para o correto esclarecimento dos fatos noticiados. A cliente atravessa um período delicado de sua vida em razão de um quadro depressivo e ansioso, contando com acompanhamento médico e psicológico, fazendo uso de medicação controlada e está em tratamento junto ao CAPS da sua cidade de Maceió/AL.

Ressalta-se que em nenhum momento houve a intenção de causar prejuízo ou enganar terceiros. A situação decorre de um contexto de fragilidade emocional e desequilíbrio momentâneo, reconhecido pela própria cliente que se mostra profundamente abalada com o ocorrido e que vem sendo interpretada de forma distorcida. A defesa reforça o compromisso com a verdade e confia que todos os fatos serão devidamente apurados e esclarecidos pelas autoridades no curso das investigações.

Por fim, pede-se respeito à imagem e à privacidade da envolvida, especialmente em razão de seu estado de saúde mental e do tratamento que está realizando.

*Com informações da RECORD

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