Governo paga youtubers para fazer elogios às mudanças do ensino médio, diz Folha

Publicado em 17/02/2017, às 08h58

Redação

Atingir mais de 1 milhão de visualizações é uma marca comemorável para um vídeo no YouTube e foi o que obteve o canal "Você Sabia", com um material que fala sobre a reforma do ensino médio, publicado no dia 31 de outubro de 2016.

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O vídeo parece espontâneo, mas segundo reportagem da Folha, trata-se de uma publicidade e disfarçada do MEC (Ministério da Educação).

A reportagem publicada nesta sexta (17) afirma que o governo Michel Temer pagou R$ 65 mil para o canal falar bem da reforma. Comandado por dois jovens, o canal conta com 7,1 milhões de assinantes.

No vídeo, os youtubers Lukas Marques e Daniel Molo explicam benefícios da reforma. "Com esse vídeo você aí deve estar dando pulo de alegria. Se eu tivesse que fazer o ensino médio e soubesse dessa mudança eu ficaria muito feliz", diz um deles.

Nada no vídeo diz que se trata de conteúdo pago. Pelo contrário. "A gente achou o tema bastante interessante, uma galera [estava] discutindo nas redes sociais, e então falamos: deixa com nós que a gente explica direitinho", reforça um deles no final.

A Folha apurou ainda que outros dois canais foram procurados, mas ambos recusaram. Daniel Molo disse que o conteúdo foi encomenda de sua produtora, a Digital Stars, e que frequentemente trabalham com conteúdo patrocinado. Quando julgam que o resultado será "interessante".

"A gente já ia fazer um vídeo sobre o novo ensino médio. Como recebemos a proposta, decidimos aceitar", diz Molo, que não comentou valores. "Recebemos uma coxinha e um refrigerante em troca", brincou, em entrevista ao jornal.

A produtora Digital Stars representa alguns dos youtubers mais bem-sucedidos do Brasil, como Kéfera Buchmann, Christian Figueiredo, Felipe Castanhari e Flavia Calina.

Segundo o MEC, canais de influenciadores digitais complementam a estratégia de comunicação institucional. A pasta informou que o pagamento foi realizado dentro da legalidade, por meio da agência já escolhida por licitação para atender o MEC.

Para rebater críticas à reforma, o MEC reforçou o gasto com publicidade. De outubro a janeiro, gastou R$ 13 milhões, valor 51% superior ao gasto no período anterior.

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