Governo Trump age para acelerar a deportação de imigrantes ilegais

Publicado em 17/08/2018, às 21h34
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Folhapress

O secretário de Justiça americano, Jeff Sessions, emitiu nesta quinta-feira (16) uma ordem para acelerar o processo de deportação de imigrantes ilegais e afirmou que o julgamento dos casos de remoção só poderia ser adiado após a comprovação de "uma boa causa".

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A decisão foi criticada por advogados e parlamentares. Mas, segundo Sessions, estabelecer uma boa causa para adiar os casos é importante para limitar o discernimento de juízes de imigração e impedir que eles adiem deportações por qualquer motivo ou mesmo sem razão.

Segundo o secretário, para citar "boa causa" é preciso saber se o imigrante conseguirá se manter no país, seja por asilo ou após receber visto de residência ou trabalho.

Em entrevista à agência Reuters, Stephen Kang, advogado da ACLU, organização de defesa dos direitos civis, qualificou a ordem de Sessions de "perturbadora".

Ele disse que o secretário parece indicar que os imigrantes que tentam ganhar tempo para preparar melhor seus casos estão buscando "burlar o sistema e evitar a deportação".

O advogado lembra que os imigrantes precisam de tempo para conseguir ajuda de defensores e ter "seus casos devidamente ouvidos".

Em 2017, o departamento de contabilidade do governo americano publicou análise que mostra que o número de casos que se arrastam de um ano a outro mais que dobrou entre 2006 e 2015, principalmente porque menos processos são concluídos por ano.

Para tentar melhorar essa estatística, o governo americano anunciou a contratação de 23 novos juízes de imigração, o que eleva o total de magistrados do tipo para 351.

Até o final do ano, o número de contratados deve subir para 75, segundo o escritório para revisão de imigração.

"Contratar mais juízes de imigração e reduzir o tempo para contratar um juiz são dois elementos-chave para diminuir os casos pendentes nos tribunais de imigração", afirmou Sessions na ocasião.

Em junho, porém, o presidente americano, Donald Trump, descartou contratar mais juízes e defendeu fechar a fronteira com o México para deter a imigração ilegal.

"Eles querem contratar milhares e milhares de juízes. Quem são essas pessoas?", criticou. "Nós não queremos juízes, queremos segurança na fronteira."

Em abril, o secretário foi responsável por implementar a política de tolerância zero adotada pelo governo Donald Trump contra imigrantes flagrados tentando entrar ilegalmente nos EUA a partir da fronteira com o México.

Famílias passaram a ser separadas e crianças e adolescentes, enviados a abrigos espalhados pelo país para tentar desestimular novos imigrantes de fazer a travessia.

A forte reação negativa gerada pela medida tanto nos Estados Unidos quanto na comunidade internacional fez com que, em junho, o presidente Trump recuasse e colocasse um fim às separações de famílias. Cerca de 3.000 menores foram separados dos pais durante a vigência da política de tolerância zero.

Em julho, o número de famílias apreendidas na fronteira com o México recuou 1,9%, para 9.258. Na comparação com o mesmo mês de 2017, porém, houve aumento expressivo de 142%.

O governo atribui a queda na base mensal à política de tolerância zero do americano, mas analistas ressaltam que nesta época do ano, verão no Hemisfério Norte, muitas famílias adiam a travessia por causa do forte calor.

Segundo eles, só será possível ter uma real noção do impacto das políticas de Trump nos próximos meses.

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