Instituições discutem programa de construção de barragens subterrâneas

Publicado em 18/07/2019, às 21h37
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Assessoria

O projeto de construção de barragens subterrâneas no semiárido alagoano tem tudo para sair do papel. Nesta quinta-feira, 18, representantes de instituições públicas e privadas se reuniram na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas – Faeal –, em Maceió, para discutir uma grande parceria com o objetivo de disseminar a tecnologia social capaz de armazenar água o ano inteiro e beneficiar pequenos produtores rurais das regiões mais secas do estado.

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A reunião foi presidida pelo vice-presidente da Faeal, Edilson Maia, e provocada pela Embrapa Solos, responsável pelo ZonBarragem, estudo de mapeamento das áreas com potencial para construção de barragens subterrâneas em Alagoas. A pesquisa é inédita no semiárido brasileiro e considerada norteadora para ações governamentais, mas precisa de apoio para ser concluída. Por conta da crise econômica, dos R$120 mil de verbas federais previstos para este ano, somente R$12 mil foram repassados para o projeto.

O próximo passo é validar o mapa com as zonas propícias para construção das barragens. Para isso, pesquisadores da Embrapa Solos precisam visitar as microrregiões delimitadas no estudo, verificar a situação das barragens já construídas, entrevistar técnicos e produtores rurais para fechar um diagnóstico.

“O mapa validado deveria ter sido entregue ao governo em março, mas a gente ainda não conseguiu finalizar por falta de recursos. Quem trabalha com barragens sabe que o período propício para construção é entre setembro e meados de dezembro, por questões climáticas. Isso significa dizer que, se não acelerarmos o projeto, perderemos mais um ano”, alerta a pesquisadora da Embrapa Solos, Maria Sônia Lopes da Silva.

Responsabilidades

Durante a reunião, ficou definido que o Governo de Alagoas capitaneará um programa de construção de barragens subterrâneas que contará com a parceria de instituições com a própria Embrapa, Sebrae, o Serviço Nacional de Aprendizagem rural – Senar AL – e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas – Fapeal.

“A Secretaria de Estado de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Semarh) atuará na segurança hídrica, na construção das barragens. Após a implantação, a Secretaria de Estado da Agricultura dará todo o suporte aos produtores, com insumos e equipamentos para que, a partir da reserva de água, eles possam conduzir suas atividades produtivas”, explica o secretário interino de Estado da Agricultura, Silvio Bulhões.

O secretário executivo de Gestão Interna da Semarh, Alex Gama, apresentou um projeto para a construção de 50 barragens subterrâneas até dezembro de 2020. A proposta envolve a seleção de locais, visitas de campo, execução e construção das barragens. O orçamento previsto é de R$1,9 milhão. Gama também garantiu o repasse de R$40 mil para auxiliar a Embrapa Solos a concluir a validação do mapa. “Temos o recurso e estamos verificando a melhor forma de fazer a alocação, administrativa e juridicamente”, ressalta o gestor da Semarh.

Outros apoios

O Senar e o Sebrae em Alagoas devem contribuir no projeto com a capacitação de mão de obra e na própria construção das barragens subterrâneas. As duas instituições realizaram um projeto piloto no município de São José da Tapera, por meio do programa Sertão Empreendedor e a barragem, capaz de garantir o sustento de pelo menos cinco famílias, virou modelo para o estado.

“Teremos uma nova conversa com a Embrapa e a Semarh para entrar na execução dessas 50 barragens projetadas pelo Governo. Após a construção, a ideia é trabalharmos com os produtores, capacitando-os dentro da atividade que eles estiverem explorando”, comenta o superintendente do Senar Alagoas, Fernando Dória.

“Nós entramos com capacitação técnica, treinamento, e esta pode ser uma parceria muito produtiva não só para resolver a questão da água, mas também da produção, por meio de uma solução completa, com investimentos para que se tenha água disponível, avaliação da vocação da propriedade e do mercado, para que o produtor tenha renda. Este é o objetivo final”, pondera o diretor técnico do Sebrae AL, Ronaldo Moraes.

O apoio também vem da Assembleia Legislativa. A deputada estadual Fátima Canuto (PRT) protocolou, este mês, um projeto para a construção das barragens subterrâneas no semiárido alagoano e o governador Renan Filho autorizou a execução de 20. “Mesmo com redução de aproximadamente 60% nos índices de precipitação pluviométrica, as barragens, onde já se procedeu o cultivo, vêm sustentando adequadamente a produção agrícola, fixando o homem no campo e evitando o êxodo rural com a produção de alimentos saudáveis e a geração de trabalho e renda”, justifica a parlamentar no projeto.

Toda esta soma de esforços se deu a partir de uma provocação da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas. Segundo o vice-presidente da Faeal, Edilson Maia, o interesse do setor político deu um novo rumo ao projeto. “Isso viabilizará o armazenamento de água nas regiões mais necessitadas, tanto para consumo quanto para a produção de alimentos. Trata-se, portanto, de uma iniciativa de extrema relevância social e a Federação se soma às outras instituições para encontrarmos o melhor caminho e realizarmos este grande projeto”, comenta.

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