"Instituições não se derrubam, se reformam"

Publicado em 22/06/2025, às 08h30

Flávio Gomes de Barros

Texto do arquiteto e escritor Percival Puggina:

"Poucos homens são suficientemente sábios para aprender, na observação dos acontecimentos de seu tempo, lições cuja validade se impõe durante os séculos seguintes. O inglês Edmond Burke foi um deles.

O caos ainda não se instalara completamente. A Assembleia Constituinte francesa já revelara, porém, sua intenção de demolir as instituições do Antigo Regime. Somente mais tarde o sangue iria marcar para sempre o solo da Place de la Concorde.  Burke, contudo, já escrevia e publicava, em 1790, sua obra mais notável: 'Reflexões sobre a revolução na França'. O que aconteceu naquele fim de século merece capítulo especial no cadastro mundial das insanidades. Ao mesmo tempo, é festejado berço da mentalidade revolucionária que ainda hoje causa alvoroço em muita gente doida e dano severo à vida de tantos povos.

Quantas vezes li que grandes mudanças para melhor não acontecem sem derramamento de sangue! Uau! Quem o propõe jamais cogita do próprio sacrifício. Sua sede é de sangue alheio e, se possível, em pouca quantidade para não ser repulsivo perante a História. Consultem os povos que viveram revoluções sangrentas. Perguntem aos russos de 1917 se valeu a pena derramar o sangue da família Romanov. Perguntem o mesmo às vítimas do comunismo chinês e às dezenas de milhões que sucumbiram à fome e à violência impostos por Mao Tsé-Tung.

Nada que tenha algo a ver com democracia pode ser aprendido das lideranças chinesas, russas, iranianas, venezuelanas, cubanas ou nicaraguenses! Nem de quem for adversário da liberdade de expressão, como a Organização Comunistas Sem Fronteira (também conhecida por Foro de São Paulo) ou o Sul Global. Muitos dos males que nos atormentam resultam de realidades que, antes, nos recusamos a ver.

Entre elas, nosso modelo institucional ficha suja, porque dinheirista e mercantil, que piora a cada oportunidade de promover alguma retificação e se constitui numa usina de más possibilidades. Na sua versão 2025/2026, turbinada, esse modelo já jogou a liberdade e a democracia para o acostamento e seguiu em frente, negando assistência às vítimas.

Não desista da política porque se desistir, você passa a ser um problema resolvido."

 
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