Justiça do Rio solta suposta vidente envolvida em golpe milionário contra idosa

Publicado em 12/10/2022, às 18h42
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Aléxia Sousa/Folhapress

A Justiça do Rio de Janeiro decidiu flexibilizar a prisão de uma das falsas videntes presas sob suspeita de aplicar um golpe estimado em R$ 725 milhões na viúva de um dos maiores colecionadores de arte do país.
Jacqueline Stanesco deixou o Instituto Santo Expedito, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na manhã desta quarta-feira (12), para ficar em prisão domiciliar.

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Ela foi presa em 10 de agosto na operação Sol Poente, da Polícia Civil. Procurado, o advogado Carlos Eduardo Ferreira Santos, que defende a acusada, não se manifestou sobre a determinação judicial até a tarde desta quarta.

A decisão é da juíza Catarina Cinelli Vocos Camargo, da 23ª Vara Criminal, que acolheu um pedido da defesa, que alegou que ela estava com problemas de saúde na cadeia e precisava de cuidados. Na sentença, a magistrada justificou sua decisão.

"Tais preocupações foram corroboradas, ao menos em parte, pelo relatório, o qual aponta a hipótese diagnóstica de ansiedade generalizada, tendo havido, inclusive, a necessidade de ser medicada com 'diazepan 5mg'. Ainda, houve encaminhamento da ré para grupo de diabetes, psicologia e psiquiatria. Assim, restou evidenciada a presença de comorbidade física (diabetes) e a necessidade de cuidados especiais na área de saúde mental", escreveu a juíza.

Na decisão, a magistrada proibiu que Jacqueline se aproxime da vítima, Geneviève Rose Coll Boghici, 82. Além disso, a acusada não poderá deixar sua residência sem a autorização judicial e deverá entregar seu passaporte em até 24 horas.

Segundo as investigações da Polícia Civil, Jacqueline Stanesco e outras seis pessoas de uma mesma família são suspeitas de praticar os crimes de associação criminosa, estelionato, extorsão, roubo e cárcere privado contra a idosa.

No total, quatro foram detidos e dois continuam foragidos –o sétimo homem morreu. Há um mês, a prima de Jacqueline, Rosa Stanesco Nicolau, que se passava por vidente, o filho Gabriel Nicolau e Sabine Boghici, filha da idosa vítima do golpe, tiveram a prisão temporária mantida. A Justiça considerou que a medida era necessária para a continuidade da investigação.

O cálculo dos R$ 725 milhões inclui obras de arte, joias e pagamentos de R$ 5 milhões feitos pela idosa após ser enganada e de outros R$ 4 milhões feitos sob suposta coação e ameaça.

Os quadros faziam parte do acervo da vítima, que os herdou há sete anos após a morte do marido romeno Eugéne Boghici, conhecido como o marchand Jean Boghici.

Segundo o inquérito, o golpe teve início em janeiro de 2020 e foi descoberto quando Geneviève Boghici procurou a polícia no primeiro semestre deste ano.

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