Leite integral volta mais caro depois de ‘desaparecer’ durante a greve

Publicado em 06/06/2018, às 16h04

Redação


LEIA TAMBÉM

Grandes varejistas exibiram nas gôndolas os efeitos do desabastecimento provocado pela greve dos caminhoneiros, que durou 11 dias. Um dos setores que mais sofreu com a falta de estoque foi o de leite longas vida. No auge da paralisação, produtores tiveram de jogar leite fora, pois não tinham como levar o produto até os fabricantes.

Sem receber a matéria-prima, as indústrias tiveram de reduzir a produção.  Para agravar ainda mais o cenário, essa situação aconteceu bem no meio da entressafra do leite, explica a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, Natália Grigol, período em que já há uma redução da produção. “É uma época de menos chuva no Sudeste e Centro-Oeste, com menos pastagem de qualidade, o que muda a alimentação do rebanho. Há uma redução da produção”, conta.

Monitoramento diário feito pelo Cepea mostra que houve negociação entre fabricantes e atacadistas até o dia 25 de maio. As transações ficaram suspensas de 26 até 30 de maio, retornando apenas na sexta-feira passada, dia 1º de junho. No retorno, os preços acumulam uma alta de 15%.

“Já havia competição entre fabricantes de laticínios pelo leite. Com a greve, essa disputa aumentou ainda mais”, diz a pesquisadora.

Dos fabricantes para o comércio, o preço médio do leite UHT passou de 2,43 reais para 2,79 reais entre o fim da greve e ontem.

No fim de semana, consumidores encontraram com mais facilidade a oferta de leite desnatado e semidesnatado. Isso acontece, segundo Natália, pois o estoque desses produtos deveria ser maior, enquanto a versão integral acaba com mais velocidade.

O GPA, dono das redes Assaí, Extra e Pão de Açúcar, informa que aproximadamente 80% das lojas já estão com o abastecimento regularizado, podendo haver uma variação desse porcentual de acordo com a cidade ou região. “Alguns itens, no entanto, como suínos, aves e laticínios, que foram mais impactados durante o período, podem levar um pouco mais tempo para ter os estoques normalizados nas lojas.”

O Carrefour diz que “o abastecimento de suas lojas está normalizado, porém, ainda pode haver eventualmente indisponibilidade pontual de alguns itens”. Procurado, o Walmart não se pronunciou. Fabricantes de leite, como Nestlé, Italac, Itambé e Pirancajuba também não comentaram o problema.


Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Governo federal decide que servidores podem escolher cálculo mais vantajoso para aposentadoria; entenda Saiba se padre Júlio pode recorrer ao papa de decisão de dom Odilo sobre redes Em presídio de Brasília, TH Joias cumpre regime diferenciado Greve nacional dos petroleiros tem novas adesões e atinge 8 refinarias; entenda