Flávio Gomes de Barros
Jornalista Matheus Pichonelli:
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"O presidente Lula conseguiu o que queria durante a votação, na Câmara, do projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Aprovada por unanimidade, a medida, segundo cálculos mais recentes, deve beneficiar até 16 milhões de brasileiros, contando quem ganhará, a partir de 2026, isenção parcial (para quem ganha até R$ 7 mil).
O presidente se engajou pessoalmente pela aprovação do projeto.
Como nos velhos tempos, gastou saliva e sola de sapato em encontro com as lideranças do Congresso. Amarrou o compromisso com Davi Alcolumbre (União-AP) e Arthur Lira (PP-AL).
Um é presidente do Senado e tem interesse em manter a lua de mel com o governo. Dessa aliança podem sair os dividendos (financeiros e eleitorais) da exploração de petróleo em seu estado, o Amapá. O outro é ainda a eminência parda da Câmara e entra em campo toda vez que o sucessor, Hugo Motta (Republicanos-PB), fraqueja. O interesse ali são as rubricas das emendas parlamentares.
A conta vem, e Lula sabe disso.
Por enquanto, prevaleceu o acordo de que quem ganha mais deve pagar mais. E que justiça tributária não é só conversa de palanque.
O de Lula ficou vitaminado nos últimos meses, o que já se reflete em sua taxa de aprovação.
O julgamento de Jair Bolsonaro (PL), no STF, por tramar um golpe de Estado deu a Lula algumas armas que não estavam em jogo há pouco tempo.
Primeiro, o discurso de defesa da soberania, que desmascarou o falso patriotismo de quem usa a estrutura do Estado para fugir da cadeia e se esconder debaixo da bandeira dos Estados Unidos, onde são tramadas sanções contra a economia e autoridades brasileiras.
Depois, com o acordo entre centrão e extrema direita para trocar blindagem por anistia, Lula ganhou também o discurso contra a corrupção e a impunidade, contra a bandidagem prestes a se beneficiar da dobradinha.
Por fim, Lula pode dizer agora que enquanto Bolsonaro mobiliza tropas no Congresso e os contatos fora do país para salvar a própria pele, o governo trabalha para resolver problemas reais dos brasileiros.
O aperto com o Leão para parcela da população era um.
E agora essa folga no orçamento das famílias pode ser usado como poder de compra para movimentar as engrenagens da economia que cresce com pleno emprego e inflação a princípio controlada.
Enquanto isso, os opositores berram por uma anistia que beneficia quem tinha como pauta a destruição. Fica difícil defender.
Na ausência do líder da seita, agora condenado à prisão, a indicação do candidato da extrema direita para 2026 já virou um jogo de batata quente.
Ninguém quer enfrentar um presidente fortalecido e com o instituto da reeleição na mão.
Vão ter que suar. Pra isso precisam de um projeto um pouco mais palatável do que gritar por anistia ao lado de Silas Malafaia."
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