Mãe de Eliza Samudio recebe boa notícia da Justiça 15 anos depois do crime

Publicado em 10/07/2025, às 14h13
- Arquivo pessoal

IG

A mãe de Eliza Samudio vai receber nos próximos dias o restante dos pertences da filha, morta há 15 anos. Os objetos estavam em poder da justiça. São fraldas descartáveis da época de bebê do neto de quem cuida até hoje, além de óculos e par de sandálias da filha, morta com a participação de Bruno Fernandes, ex-goleiro do Flamengo.

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Sonia Fatima Moura conversou com o Portal iG nesta quarta-feira (9). Exatos 15 anos atrás, em 9 de julho de 2010, Bruno foi transferido para a prisão em Minas Gerais, após se entregar no Rio de Janeiro, 29 dias depois da data considerada como a do assassinato de Eliza.

''Ele nunca foi pai'', diz mãe de Eliza Samudio

Aos 59 anos, morando no Rio de Janeiro, Sonia diz carregar uma tristeza que, quando bate, chega sempre de uma maneira marcante e profunda.

''Estou navegando por águas mais tranquilas, mas a dor existe. O tempo faz você conseguir ir sobrevivendo. Aprende a conviver com a dor'', contou para a reportagem do iG.

Enquanto convive e auxilia no crescimento do neto Bruninho, Sonia milita contra a violência física, psicológica e patrimonial sofrida pelas mulheres. Recentemente, participou da elaboração de um livro com outros casos, o que a faz lembrar o sofrimento da filha.

''Tem dias que acontecem alguns gatilhos e a gente acaba ficando mal, principalmente quando a gente vê, mesmo procurando não ver, mulher e crianças sendo mortas'', contextualiza.

Bruninho não pergunta pelo pai, o ex-goleiro

Bruninho torce pelo São Paulo, como a mãe torcia, joga pelo Botafogo e foi convocado pela Seleção Brasileira. A avó conta que o neto acorda cedo, vive pelo futebol e demonstra muita ligação com ela, algo que a comove.

''Bruninho e meu impulso, me faz levantar todos os dias''.

Em contraste com a proximidade com a avó, o adolescente nunca demonstrou vontade de encontrar o pai, o ex-goleiro.

Sonia, porem, já alertou o neto de que isso pode acontecer um dia, de forma inesperada.

''São páginas e histórias que você não virou. Eu falo para ele: 'Em determinado momento, o destino vai fazer vocês se cruzarem'''

Em uma conversa de mais de uma hora, por telefone, Sonia demonstrou resiliência para suportar a ausência da filha assassinada e não se conteve ao ler trechos do livro em que relata esse sofrimento.

"Eu gostaria que você (a filha) pudesse estar aqui, sendo mãe, amando e sendo amada. Mas destruíram seus sonhos'', disse, antes de começar a chorar.

Sonia também disse esperar que Bruno Fernandes pare de declarar que pagou pelo que fez.

O ex-goleiro do Flamengo ficou pouco mais de seis anos preso, dos mais de 22 a que foi condenado.

''Ele fala que errou e pagou. Mas isso não é erro, porque ele tirou a vida de uma pessoa. Um assassinato você não corrige''.

A tristeza se dissipa quando o assunto vira o neto, as conquistas e a forma dele de viver, sorridente, algo que ela fez questão de mostrar nas fotos enviadas ao iG.

''Vivo por ele e para ele''.

Ao iG, Sonia também disse que, desde setembro de 2022, Bruno Fernandes não paga pensão, estimada por ela em dois salários mínimos mensais.

A reportagem procurou o ex-goleiro do Flamengo, que atualmente joga em um time de Cabo Frio (RJ), mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

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