Mãe e filha assassinadas por delegado morreram abraçadas em Curitiba

Publicado em 05/03/2020, às 19h04
Montagem RIC Mais -

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Maritza Guimarães de Souza, de 41 anos, e a filha Ana Carolina de Souza, de 16 anos, foram encontradas mortas e abraçadas atrás de um sofá na sala do sobrado em que a família vivia em Curitiba. Ambas foram assassinadas pelo delegado Erik Busetti com cerca de 9 disparos de arma de fogo na noite desta quarta-feira (4).

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Pela cena do crime, tudo indica que a esposa e a enteada do delegado estavam assistindo um filme e comendo pipoca quando foram surpreendidas. Além disso, a arma de Maritza, que era escrivã da Polícia Civil, estava em outro cômodo da casa, de modo que ela não teve como se defender.

Segundo a delegada Camila Cecconello, da Divisão de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), o policial foi interrogado, mas, por orientação de seu advogado, preferiu manter silêncio durante o depoimento. Desse modo, detalhes que poderiam ajudar esclarecer tudo que aconteceu antes do crime não foram descobertos. Mesmo assim, a polícia não tem dúvidas de que a ação foi premeditada.

“A gente não sabe que a filha mais velha estava junto na briga ou o que pode ter acontecido. E, segundo os relatos, a filha menor estava dormindo e só após os disparos é que ela acordou”, explica  Cecconello.

Busetti foi preso em flagrante por feminicídio e está detido no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana da capital, em uma ala especial para policiais. O inquérito deverá ser concluído em 10 dias

Simultaneamente ao processo que corre na Divisão de Homicídios, a corregedoria da Polícia Civil do Paraná também instaurou um procedimento que irá determinar ou não a expulsão do policial civil do quadro de servidores públicos. De acordo com o delegado corregedor Marcelo Lemos, esse é um processo um pouco mais moroso e deve demorar em torno de 6 meses. Até lá, o delegado continuará recebendo o salário do Estado, por outro lado, o pedido para que ele seja afastado do cargo e de suas funções já foi feito.

O que diz a defesa

O advogado Claudio Dalledone Jr., que representa o policial, declarou que Busetti está visivelmente abalado e que é, provável, que o processo venha a tramitar em segredo de Justiça.

 “Ele está desgraçado, moído, acabado, como todos. Há um luto enorme em toda a polícia do Paraná e quiçá posso falar até do Brasil. Creio que esse processo irá tramitar em segredo de Justiça, devido as questões que envolvem. […] Mesmo que não tivesse segredo, são questões de ordem que dizem respeito somente ao cliente e o advogado”, diz.

O crime

O delegado Busetti matou sua esposa e a enteada, na noite desta quarta-feira (4), dentro do sobrado onde viviam em de um condomínio no bairro Santa Cândida, em Curitiba.

No momento do crime, estavam em casa Maritza, uma filha do casal de 8 anos e Ana Carolina. De acordo com a polícia, a criança dormia e acordou quando ouviu os tiros. Momento em que Busetti foi até o quarto, pegou a filha e levou a menina até casa de vizinhos.

“Ouvi vários tiros, umas 23h45 da noite. Passou 5 minutos, o delegado saiu da casa dele com a filha já no colo. E aí começou a “bater nos vizinhos” [sic] pra deixar a filha dele menor. Ele já chegou e disse ‘fica com minha filha que eu fiz uma besteira’. Ele estava com a camisa toda rasgada, falou que entrou em luta corporal com ela, mas aí eu já não sei”, conta uma testemunha, que não quis se identificar.

Ele teria a intenção de tirar a própria vida, mas foi convencido a desistir pelos vizinhos. Na sequência, ele ligou para a polícia, confessou o crime e esperou pela chegada dos policiais. Em resposta ao ser perguntado sobre a motivação dos assassinatos, ele respondeu com frieza “vocês não têm ideia do que eu estava passando”.

O casal – que estava junto há pelo menos 10 anos– passava por um processo de separação. Moradores do condomínio declararam que o delegado aparentemente era uma boa pessoa e sempre conversava com todos. Ainda de acordo com algumas testemunhas, antes do crime, eles ouviram uma briga entre o delegado e a esposa.

Uma ambulância do Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) chegou a ser chamada, mas quando chegou ao local, as vítimas já estavam mortas.

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