Mais de 650 pinguins são achados mortos no litoral de SP em uma semana

Publicado em 22/08/2025, às 11h11
Pinguins encalhados já estavam mortos e foram encontrados em Ilha Comprida, no litoral de São Paulo - Divulgação / IPeC

Folhapress

O IPeC (Instituto de Pesquisas Cananéia) encontrou, em seus últimos monitoramentos na Ilha Comprida, no litoral sul de São Paulo, mais de 650 pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) encalhados, todos já sem vida e em estágio avançado de decomposição.

LEIA TAMBÉM

À Folha o instituto disse que o número, considerado grande, foi contado desde o dia 15 de agosto.

Devido ao estágio em que os corpos foram encontrados, não é possível chegar à causa exata das mortes, mas o instituto afirma que entre as hipóteses estão os efeitos da migração por longas distâncias, dificuldade em encontrar alimento, parasitoses, quadros infeciosos e a interação com a pesca.

O IPeC pede que a população comunique se encontrar algum animal marinho debilitado na região de Cananéia, Iguape e Ilha Comprida. Os telefones indicados são (13) 3851-1779; 0800-642-3341; e (13) 99691-7851 (WhatsApp).

A organização adverte que, ao avistar um pinguim ou qualquer outro animal marinho encalhado, a população não deve tocá-lo nem oferecer comida, tampouco tentar devolvê-lo ao mar, já que esse tipo de iniciativa pode causar ainda mais estresse ou agravar o estado de saúde do animal.

A orientação é acionar imediatamente autoridades ou equipes técnicas responsáveis pelo atendimento.

Em julho, 43 pinguins-de-magalhães juvenis foram encontrados mortos nos municípios de Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela, segundo informações do Instituto Argonauta, responsável regional pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos.

No caso de julho, ao todo, foram 47 animais achados encalhados. Os 4 que estavam vivos passaram por atendimento veterinário e foram encaminhados para reabilitação em centros especializados.

Os pinguins-de-magalhães, originários da Patagônia, no Chile e na Argentina, costumam aparecer nas praias paulistas entre os meses de junho e setembro. Em uma longa rota migratória, eles partem do sul do continente americano durante o inverno, em busca de alimento e águas mais quentes.

"A presença de juvenis debilitados é esperada neste período de migração, e o trabalho das equipes em campo permite identificar rapidamente os casos e direcionar o atendimento adequado", explicou à época uma das coordenadoras do Instituto Argonauta, Carla Beatriz Barbosa.


AVES MORTAS EM ALAGOAS

Cinco pinguins de espécie semelhante encalharam no litoral alagoano, entre julho e o início de agosto. Um foi resgatado vivo e os outros quatro já foram localizados mortos. 

O primeiro animal marinho surgiu com vida no dia 26 de julho, na Praia do Gunga, em Roteiro, Litoral Sul de Alagoas, e depois de atendimentos necessários, foi levado para o aquário de João Pessoa (PB). Na mesma praia, segundo o Biota, um outro pinguim foi achado morto.

No dia 31 de julho, mais um pinguim foi encontrado morto na praia de Riacho Doce, em Maceió. A ave também era da espécie pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus).

Já no dia 7 de agosto, o quarto pinguim encalhou sem vida na areia da Praia do Xaréu, em Maragogi, Litoral Norte do Estado. A quinta ave apareceu morta no dia 11, na Praia de Ponta de Mangue, em Maragogi, no Litoral Norte de Alagoas.


OS PINGUINS-DE-MAGALHÃES

As fêmeas dos pinguins-de-magalhães colocam dois ovos de outubro a novembro, sendo que a maioria deles se desenvolve de meados de novembro ao início de dezembro. Depois do nascimento, os pais revezam-se na alimentação dos filhotes durante três a quatro semanas.

Após um mês, os pais vão juntos em busca de alimentos, enquanto os filhotes são deixados sozinhos, começando a formação de grupos de filhotes próximos aos ninhos e sem a presença dos pais.

Os pinguins jovens vão para o mar com aproximadamente três meses de idade, permanecendo nele durante cinco anos e voltando para o continente apenas para fazer a troca de penas. Após esse grande período ao mar, eles voltam para suas colônias para iniciar seu ciclo reprodutivo.

Ainda que não seja considerada ameaçada de extinção, a população da espécie vem diminuindo. Entre os principais fatores de risco estão a poluição marinha, a sobrepesca e os efeitos das mudanças climáticas sobre suas rotas migratórias e áreas de alimentação.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

MPF recomenda suspensão de novas obras em área protegida da Laguna Mundaú Chauás: papagaios serão transferidos para reserva ambiental no Rio Niquim nesta segunda COP30 mobiliza 190 países em 120 planos de ação climática Maceió tem 11 trechos de praia impróprios para banho, aponta relatório do IMA