MEC não limitará os reajustes do Fies

Publicado em 04/02/2016, às 09h20
-

Redação

O Ministério da Educação (MEC) não vai impor neste ano limite de reajuste das mensalidades pagas com o Financiamento Estudantil (Fies). Em 2015, quando o programa passou por reformulação, a pasta estipulou teto máximo para o aumento, o que provocou crise no setor. Até agora, o MEC não pagou a um grupo de faculdades valores de 2015 referentes a 90 mil alunos. São contratos com aumentos acima do teto, que somam cerca de R$ 697 milhões.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que cerca de 300 instituições são atingidas pelos atrasos. A estimativa de recursos parte da média de mensalidades do Fies, de R$ 645, uma vez que o MEC não informou o montante.

Com o objetivo de frear os gastos com o programa, o MEC adotou em 2015 travas de reajuste, além de limitar o número de bolsas ofertadas. Segundo o ministério, instituições praticavam reajustes abusivos. Ao contrair o financiamento, os estudantes só começam a pagar 18 meses após o fim da graduação. O governo, entretanto, paga as instituições durante o curso.

Em 2015, a pasta impôs, inicialmente, um teto de 4,5% para os reajustes, taxa posteriormente ampliada para 6,5%. No fim do processo de renovação, abriu possibilidade de reajuste de 8%. Instituições que mantiveram aumentos superiores ao índice estão agora com os pagamentos pendentes.

De acordo com o diretor da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Sólon Caldas, a situação criada pela imposição e variação do teto no ano passado deixou instituições com mensalidades diferentes no mesmo curso. A lei que regula os pagamentos no ensino superior e a própria legislação do Fies vetam a prática. "O MEC precisa resolver os valores que não foram pagos até hoje e os reajustes diferentes. Isso causa transtorno, porque tem aluno que está pagando diferente do colega", diz Caldas, que viu como positiva a retirada da travas.

Os casos pendentes, afirma o MEC, "são objeto de tratativas" entre as universidades e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão que faz a gestão do Fies. Não há "qualquer prejuízo aos estudantes", diz nota do MEC. 

Um grupo de trabalho conjunto foi criado em março do ano passado pelo MEC e pelo Ministério da Justiça para analisar os reajustes no âmbito do Fies. Previsto para acabar em 90 dias, o grupo ainda não concluiu nada e o prazo de vigência foi prorrogado.

Para o diretor do Sindicato das Mantenedoras (Semesp), Rodrigo Capelato, a decisão do MEC no ano passado deveria atingir apenas instituições que abusaram na cobrança, não criar um limite linear para todos. "Agora todo mundo tem tomado cuidado com o preço praticado", diz. Capelato lembra ainda que a lei que rege as mensalidades prevê aumentos acima da inflação, quando justificados.

Boom dos números

Entre 2010 e 2014, o número de contratos do Fies explodiu. Com o programa, o preço médio das mensalidades também subiu. Os valores pagos pelo governo de 2011 a 2014 saltaram 647%, enquanto o número de contratos cresceu quase a metade, 374%, no período.

O MEC defende que, com as novas regras iniciadas no ano passado, pode acompanhar melhor os valores das mensalidades. Agora, as instituições de ensino que participam do Fies têm de oferecer 5% de desconto nos cursos. Com isso, segundo a pasta, é possível acompanhar os preços e as variações semestrais para o aditamento.

No ano passado, a conta do Fies fechou em R$ 17,8 bilhões, segundo o MEC. No portal federal da Transparência, no entanto, a execução do programa é de R$ 12,1 bilhões. O orçamento previsto para este ano é R$ 18,8 bilhões. O governo abriu no primeiro semestre 352 mil bolsas para o Fies. Até o ano passado, o programa acumulava 2,2 milhões de contratos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

LEIA TAMBÉM

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Matrícula online para estudantes novatos da rede estadual inicia nesta segunda (08) Uneal abre seleção para portadores de diploma com ingresso em 2026 Alagoas tem maior taxa de analfabetismo do país; Maceió lidera entre as capitais Provas de seleção para cinco cursos do Ifal são anuladas; entenda