"Meu filho chora e pede para encontrar o pai"; esposa relata drama após morte de italiano no Francês

Publicado em 29/05/2023, às 19h02
Foto: Reprodução/TV Pajuçara -

Theo Chaves

Problemas psicológicos, perguntas frequentes sobre o pai e choro constante. Cinco meses depois, essa tem sido a rotina do filho de 9 anos de Ana Lúcia Bila, que presenciou a morte do pai, o empresário italiano Fabio Campagnola, assassinado a tiros em janeiro deste ano, na Praia do Francês, em Marechal Deodoro.

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Ana Lúcia, de 42 anos, que viveu ao lado do empresário por 15 anos, hoje convive com a falta do companheiro e com os diversos problemas psicológicos e financeiros ocasionados pela morte do empresário. Recentemente, o advogado da família de Fábio Campagnola fez um requerimento para que o policial da reserva José Pereira da Costa, que está preso acusado de assassinar o empresário, pague os custos do tratamento psicológico do filho do casal. O Ministério Público de Alagoas já deu parecer favorável ao requerimento, que agora está sob análise do Tribunal de Justiça de Alagoas.

Em entrevista ao TNH1, nesta segunda-feira (29), Ana Lúcia relatou alguns dos problemas vivenciados por ela e pela família após a morte de Campagnola. Segundo Lúcia, o filho, de apenas 9 anos, diariamente pergunta pelo pai e pede pra estar com ele.

"Meu filho teve a vida totalmente impactada pela morte do pai. Ele presenciou o pai caído ao chão, após ser atingindo pelos disparos de arma de fogo, no dia em que o crime aconteceu. Obviamente que, pela idade, ele não sabe diferenciar a vida da morte, porém ele sabe que o pai não está mais presente e pede sempre pra encontrar com o Fabio. Ele me diz que quer virar "estrelinha" também, já que o pai virou. Isso tudo ele descreve quando desenha e chora quando não lembra da imagem do pai. Meu filho chega do colégio chorando e diz que o pai não o levou na escola. Isso tudo desencadeou problemas psicológicos nele, que está fazendo tratamento desde então", explicou.

A mãe também conta que o crime contra Fábio desorganizou a vida financeira e a parte psicológica da família. 

"Em janeiro, logo após o crime, que aconteceu na porta da nossa sorveteria, tivemos que manter o local fechado por alguns dias, o que gerou um prejuízo superior a R$50 mil.  A sorveteria ficou fechada em um mês de alta temporada, que é janeiro. O meu marido havia pedido equipamentos para o nosso estabelecimento, alguns deles no valor de R$70 mil, que chegaram recentemente. Estou tendo que manter o local aberto, para pagar os equipamentos, funcionários e impostos", relatou.

"Nada vai suprir a falta do meu marido" - O empresário Fábio Campagnola foi assassinado em frente ao estabelecimento comercial, do qual, ele era proprietário. O crime, que aconteceu em plena luz do dia, após uma discussão entre o empresário e o policial José Pereira da Costa, foi registrado por câmeras de segurança. José Pereira chegou a fugir do local, mas se entregou dois dias após o crime.

Hoje, o estabelecimento deixado por Fábio é administrado por Ana Lúcia, que conheceu o empresário ainda na Itália, em 2008. Ao TNH1, Ana desabafou sobre a tortura de ter que estar diariamente no mesmo local onde o marido foi assassinado.

"No primeiro mês após a morte do Fábio eu fiquei dopada de remédio, mas tive que trabalhar, até para poder manter os funcionários e as contas. Fábio era um marido, um pai e um empresário presente. Ele tomava conta de tudo e de todos. Obviamente que estou com trauma da sorveteria, tem dias que olho pra calçada e vejo o meu marido caído ao chão. Mas tenho que seguir com tudo, pelo meu filho e pelos meus funcionários. Tem noites que eu não durmo, que eu choro e lembro de tudo. Você não têm noção do que é ter que levar as cinzas do marido para Itália, para junto da família", contou.

Além do requerimento protocolado na Justiça para que o policial militar pague o tratamento do filho, o advogado da família Campagnola confirmou à reportagem que vai entrar com uma ação de danos morais contra José Pereira da Costa. Sobre a ação e o requerimento, Ana Lúcia disse que o dinheiro não vai mudar e nem apagar o que aconteceu.

"Eu não consigo te responder o que indenização representa pra mim. Na verdade, ela não representa nada. Nada do que for feito, do que ele pagar, vai trazer o meu marido de volta. Nada vai suprir a falta que Fábio faz na vida do meu filho e na minha vida. O meu trauma continua e nada vai tirá-lo. Eu só quero que os autores sejam responsabilizados e paguem por tudo o que fizeram a minha família.

O policial da reserva José Pereira da Costa cumpre prisão preventiva no presídio da Polícia Militar, em Maceió. Foto: Reprodução

O que diz a defesa do policial - Ao TNH1, o advogado de defesa de José Pereira da Costa, Napoleão Júnior, disse que um parecer favorável ao requerimento protocolado pela família do empresário Italiano estaria condenando o policial pelo crime. Ainda segundo o advogado, foi protocolado uma petição contestando o requerimento e que o deferimento do pedido da família estaria antecipando uma decisão de culpa do cliente. 

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