Microempreendedores representam mais de 95% dos negócios de moda em Alagoas

Publicado em 29/10/2025, às 17h07
- Ascom Sebrae

Ascom Sebrae

Ler resumo da notícia

A moda no Brasil vive um momento de transformação. Mais do que vestir, o ato de consumir moda tornou-se uma forma de expressão, pertencimento e propósito. A valorização do produto autoral, a busca por sustentabilidade e o resgate de saberes manuais têm redesenhado o comportamento do consumidor e impulsionado o mercado em direção a uma nova economia criativa.

LEIA TAMBÉM

Em Alagoas, esse movimento ganha cada vez mais força. Segundo dados do Sebrae, o estado conta com 20.874 empresas ligadas à moda, entre confecções, lojas e ateliês. O setor é formado majoritariamente por microempreendedores individuais (MEIs) e microempresas, que representam mais de 95% dos negócios. Mesmo enfrentando desafios, o segmento demonstra vitalidade: o número de empresas cresceu 1,4% entre 2024 e 2025, e a tendência de expansão no período de cinco anos chega a 21,4%. Esses números revelam um setor que se reinventa, impulsionado pela criatividade e pela força empreendedora local.

Apesar do mercado competitivo, os índices de longevidade e sustentabilidade do setor mostram o potencial de crescimento. A média de vida das empresas de moda em Alagoas é de 10,4 anos, e o Índice de Sustentabilidade do Desenvolvimento Econômico Local (ISDEL) registra 0,25, o que indica espaço para evolução, especialmente por meio de capacitação e inovação.

Sebrae impulsiona a moda alagoana com capacitação e inovação

Com o propósito de fortalecer o ecossistema da moda no estado, o Sebrae Alagoas vem realizando diversas ações voltadas para o setor. Uma delas foi a segunda edição do Moda 360, evento que reuniu empresários, estilistas e consultores para discutir tendências e estratégias de mercado. A programação contou com a presença da especialista Angélica Coelho, do Senai/CETIQT, e da consultora de branding e moda Renata Abranchs, do Estúdio Renata Abranchs Branding, duas referências nacionais no setor.

A gerente da Unidade de Relacionamento Empresarial do Sebrae Alagoas, Fátima Aguiar, destacou a importância da iniciativa. “O intuito do Sebrae é abrir caminhos para o mercado, manter os empreendedores atualizados e preparados para as vendas e as novas demandas do consumidor. Quando trazemos especialistas como essas, estamos facilitando a vida dos empresários na tomada de decisão”, afirmou.

A analista do Sebrae, Carolina Ávila, reforçou que o Moda 360 é parte de um conjunto de ações voltadas à profissionalização do setor. “Já realizamos capacitações em vendas, em uso de inteligência artificial e em técnicas de moda. Nosso foco é preparar tanto o varejo quanto a indústria e a moda autoral para competir com o mercado online. É preciso entender que o diferencial das marcas locais está no atendimento, na experiência sensorial e no pertencimento que a moda regional desperta”, explicou.

O diretor técnico do Sebrae Alagoas, Keylle Lima, ressaltou o papel da moda como agente de autoestima e conexão. “A loja física continua sendo um espaço de relacionamento. Quando o cliente entra, ele não está apenas comprando uma roupa, mas vivenciando um encontro, uma troca. Isso é algo que a internet não substitui”, pontuou.

Tendências e identidade: o futuro da moda é humano e artesanal

Durante o encontro, a especialista Angélica Coelho apresentou as tendências para as temporadas Primavera/Verão 2026-2027, destacando o resgate da manualidade como diferencial competitivo. “A tecnologia tem avançado em ritmo acelerado, mas o toque humano, a singularidade e o saber artesanal são o novo luxo da moda global. Alagoas, com técnicas como o filé e a renascença, tem um potencial enorme de protagonismo nesse movimento”, afirmou.

Angélica, que atua há mais de uma década no Senai CETIQT, lembrou que o Brasil está em sintonia com as grandes feiras internacionais, como a Première Vision Paris, onde as “artesanias” ganharam espaço central. “As bolsas de crochê e os bordados manuais estão nas vitrines das grandes grifes. É o momento de olhar para o que já fazemos bem e transformar isso em produto com valor agregado e identidade.”

Já a consultora Renata Brandes trouxe o olhar estratégico do branding para as marcas locais. Para ela, o desafio das pequenas empresas é aprimorar sua imagem e comunicação sem perder a essência. “A resposta não está fora. Está na identidade e na ancestralidade alagoana. O que falta é dar um novo contorno, uma apresentação mais profissional e emocional. É como servir uma tapioca em um guardanapo de papel e outra em uma porcelana: o sabor é o mesmo, mas o valor percebido é outro”, comparou.

Renata destacou ainda a força coletiva da moda alagoana, que tem se consolidado nacionalmente por meio de movimentos como o “Renda-se” e a presença constante de marcas do estado no Minas Trend, uma das principais vitrines da moda brasileira. “Há uma vocação natural em Alagoas para unir tradição e contemporaneidade. A marca alagoana Foz, do estilista Antônio Castro, por exemplo, se tornou uma embaixadora dessa estética e inspira novas marcas a acreditarem no próprio potencial”, completou.

Alagoas segue trilhando seu caminho de autenticidade no cenário nacional, valorizando o que tem de mais precioso: o talento, o saber manual e a força criativa de quem faz moda com alma.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Governador em exercício sanciona reajuste dos servidores do Judiciário de Alagoas Conheça os grandes vencedores do 32º Prêmio Guerreiros da Criação Daqui a pouco começa a maior premiação da publicidade alagoana Alagoas registra menor nível de pobreza da história, aponta IBGE