“Minha família foi destruída”: filho de mulher morta por genro se emociona em depoimento

Publicado em 20/10/2025, às 12h40
“Minha mãe sempre foi contra a relação dos dois”, disse filho de mulher morta pelo genro e pela filha - Foto: Gabriel Amorim/TNH1

Gabriel Amorim e Eberth Lins

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Durante o julgamento de Leandro dos Santos Araújo, assassino confesso de Flávia dos Santos Carneiro, o filho da vítima, André Carneiro dos Santos, prestou um depoimento comovente. Ele descreveu o momento em que soube da morte da mãe, relembrou episódios de tensão vividos antes do crime e denunciou o ambiente de conflito em que a mãe vivia com o companheiro da filha adolescente, apontada como cúmplice no assassinato.

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André explicou que estava no trabalho no momento em que o crime aconteceu e que soube da notícia ao sair do expediente.

Estava no trabalho, onde não é permitido uso de celular. Quando tive acesso, vi várias ligações do meu pai. Retornei, e ele me perguntou se eu tinha falado com a minha mãe recentemente. Eu disse que não. Foi quando ele me informou sobre o fato. Liguei para a minha tia e para a minha avó, e elas confirmaram. Entrei em desespero.

Também em depoimento, ele deu detalhes sobre a relação da mãe com o genro acusado do crime.

Eu sei que foi um assassinato a facadas. Leandro alega que matou minha mãe junto da minha irmã. Ela atualmente tem 14 anos. A minha mãe sempre foi contra a relação dos dois. Ela não gostava. Ela queria que minha irmã se dedicasse aos estudos, não a um relacionamento. Minha mãe sempre foi tranquila, batalhadora. Sempre bancava a casa sozinha, inclusive o próprio Leandro. Ela era doméstica, mas no momento era garçonete em um restaurante.

Sobre os conflitos em casa, André relatou que a mãe não costumava falar muito sobre as desavenças, mas ele entendia que havia uma rejeição clara à relação da filha com Leandro. "A gente não foi muito de conversar muito sobre as desavenças, mas acredito que ela não apoiava o relacionamento pelos dois motivos, estudo e idade", disse.

Não sou mais a mesma pessoa. Hoje faço tratamento psicológico. Durante um bom tempo tive que tomar medicamentos para dormir, faço terapia. Tive que mudar de endereço e telefone, fora todo o resto. A minha família foi totalmente destruída. Ninguém é mais a mesma pessoa.

Ele também mencionou um episódio de ameaça anterior, durante o Carnaval. O ambiente em que a mãe vivia, segundo André, era constantemente tenso.

Eu estava sozinho em casa. Minha mãe e minha irmã tinham saído para um bar. Leandro chegou lá e perguntou onde tinham ido. A minha mãe chegou em casa depois e disse que o Leandro tinha ido no bar com uma faca. Minutos depois, ele chegou em casa com uma faca. Eu peguei minhas coisas e fui embora. Era uma situação insustentável. O casal saiu de casa também. Dias depois, minha irmã voltou e moraram só as duas. [...] Era um ambiente de muitas discussões. Era sempre: ‘ah, ela [irmã] escuta muito o Leandro’ ou ‘você não fez algo porque só dá atenção ao Leandro.
Genro confessou ter matado a sogra que teve corpo encontrado em geladeira

 

Mãe de Flávia fala em perdão, mas quer Justiça

Em entrevista à TV Pajuçara, a mãe de Flávia, Geni Santos Barros, disse que perdoou Leandro e a neta, mas espera que a decisão da Justiça.

"Quero Justiça pelo que ele fez com a minha filha. Ela não merecia. Do jeito que ele matou... destruiu uma família. Eu não tenho mais sossego, estou na base de remédio controlado. Só fiquei com minha outra filha, porque minha neta está presa", disse. "Eu perdoei os dois. Não quero vingança, quero Justiça", acrescentou.

Geni, mãe de Flávia, quer Justiça (Foto: Reprodução/TV Pajuçara)

O que disse o réu à época do crime

Leandro dos Santos Araújo confessou à polícia ter assassinado a sogra, pois ela não aceitava o relacionamento dele com a filha, uma adolescente de 13 anos. O crime, que chocou Maceió em março de 2024, teve participação direta da menor e do pai do acusado, segundo o próprio relato do réu.

De acordo com as investigações, Flávia foi morta com 20 facadas dentro de casa. Após o homicídio, o corpo da garçonete teve as mãos amarradas com um fio de tomada, foi enrolado em sacos de lixo, coberto com lençóis, toalhas e um edredom, todos encontrados sujos de sangue. Em seguida, os envolvidos esconderam o cadáver dentro de uma geladeira.

A ocultação do corpo contou com o auxílio do pai de Leandro, Ademir da Silva Araújo - também réu no julgamento desta segunda-feira -, que ajudou o filho a transportar o eletrodoméstico até uma área de mata em Guaxuma, onde a geladeira foi empurrada em uma ribanceira.

Descoberta de motorista de frete

O crime foi descoberto horas depois, quando um motorista de frete procurou a polícia e denunciou que havia sido contratado para transportar a geladeira. Ele relatou que, ao ser chamado para uma mudança entre dois endereços no bairro do Jacintinho, foi novamente acionado no dia seguinte para levar o eletrodoméstico até o Benedito Bentes. No entanto, os homens desistiram da entrega e optaram por abandonar a geladeira em um local isolado.

A denúncia do motorista foi fundamental para a elucidação do caso. Leandro e Ademir foram presos, e a adolescente, filha da vítima, confessou ter participado do assassinato da própria mãe. O trio havia alugado uma casa no Benedito Bentes e, segundo a polícia, passou a noite juntos no local após cometer o crime.

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